Um incêndio voltou a atingir a Área de Proteção Ambiental (APA) de Alter do Chão, em Santarém, no Pará, após o governo anunciar que as chamas haviam sido controladas neste domingo (16). O fogo começou no sábado (14), mas, até a última atualização desta reportagem, os bombeiros não haviam informado o tamanho da área atingida.
Na tarde de domingo, antes das 17h, o governo estadual informou que o incêndio na mata conhecida como Capadócia, entre a vila de Alter do Chão e a localidade de Ponta de Pedras, também em Santarém, estava controlado. No entanto, cerca de duas horas depois, um novo foco de incêndio foi encontrado pelos bombeiros na região.
Alter Chão é uma vila balneária distante 37 quilômetros por via terrestre de Santarém, oeste do Pará, e a 1.373 quilômetros da capital do estado, Belém. O balneário é o principal ponto turístico da região, conhecido como Caribe da Amazônia. Uma das atrações mais procuradas é a Ilha do Amor, de areia branca e água nos tons verde-azul.
O fogo atingiu uma área de mata perto da margem do rio Tapajós. Segundo o governo do estado, a previsão é que no início desta tarde chegue um avião-pipa e 40 militares do Exército que deverão ajudar no combate às chamas.
Um inquérito deve ser instaurado para apurar se houve ação criminosa para iniciar as queimadas.
Durante toda a noite de domingo (15) centenas de fotos postadas em redes sociais por pessoas que estavam no balneário revelavam a situação atualizada de Alter do Chão. As chamas deixaram o céu vermelho.
Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros de Santarém, tenente coronel Ney Tito Azevedo, o local onde as chamas foram avistadas na noite de domingo é de difícil acesso. No local, não há sinal de telefone celular, o que também prejudica a comunicação e trabalho das equipes. A estratégia para chegar à área é por via fluvial e terrestre, por estrada alternativa.
“Moradores de Ponta de Pedras conhecem bem uma estrada que faz atalho para Alter do Chão. Nós vamos entrar com uma equipe por essa estrada, e vamos também por água, com auxílio de lancha, levar outra equipe o mais próximo possível de onde as chamas estão concentradas”, detalhou Ney Tito.
De acordo com dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre 1° de julho a 15 de setembro deste ano, todo o município de Santarém, onde Alter está localizado, teve um aumento de 160% no total de focos de queimadas na comparação com o mesmo período de 2018.
Governador pede ajuda federal
Na noite de domingo, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), publicou em uma rede social que entrou em contato com o ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Segundo Barbalho, o ministro informou que acionaria o Ministério da Defesa para dar o apoio necessário à região.
Em outra postagem, o governador disse que falou com o general do Exército, Paulo Sérgio, para verificar a possibilidade de envio de um avião pipa para auxiliar no combate ao incêndio.
Turistas veem fumaça
Turistas lamentavam o incêndio na região. “Nossa, é muito triste ver a floresta pegando fogo e a gente não poder fazer nada. Quando vimos o céu avermelhado por causa do fogo e aquela quantidade de fumaça subindo e deixando aquela sensação de céu nublado nós ficamos muito preocupados”, relatou Adriana Gonçalves, que mora em Manaus, Amazonas, e estava visitando Alter do Chão.
“É preocupante, né. [É] uma área de reserva e próximo a um cartão postal daqui. É triste, o calor está grande, e esses focos de incêndio só estão aumentando”, disse a professora Joice Maciel, que visitou a vila no domingo.
A universitária Bianca Lima, que também estava em Alter do Chão no domingo, ficou assustada com tanta fumaça.
“Eu me assustei porque tem tido queimadas na cidade, principalmente, na Amazônia. Aqui é um lugar bonito que acaba chamando atenção toda essa fumaça. A fumaça estava tão forte que o sol, praticamente, sumiu. Ficou com aquele aspecto de que ia chover, sendo que estava fora de cogitação. Era só a fumaça”, disse.
Para quem trabalha na vila e já via os focos de incêndio desde sábado, a preocupação era de que, em razão dos fortes ventos, o fogo alcançasse a área do Lago Verde, área da vila balneária onde há muitas casas de praia.
“Todo ano é isso. Nessa época, a gente não sabe por que as pessoas fazem queimadas sabendo que o tempo está seco, não chove e o calor é muito forte. No sábado, ainda pela manhã, a gente já havia focos de fumaça, mas à medida que o sol foi esquentando e a tarde caindo, esses focos se alastraram e a situação ficou realmente preocupante”, contou Antônio Sousa, condutor de lancha nas praias de Alter do Chão.
Fonte: G1
Créditos: G1