Fico uma semana sem ler notícias e quando abro os jornais dou de cara com o 03 feito um guri de férias nos Estados Unidos, de boné na cabeça, lembrancinha adquirida na lojinha de conveniência depois de brincar com o Pateta.
A sigla policialesca, usada pelo presidente eleito para se referir aos filhos, nesse caso é de Eduardo Bolsonaro. O deputado federal achou muito natural participar de eventos, representando o Brasil, incluindo uma reunião com Jared Kushner, conselheiro sênior e genro do presidente Donald Trump, e em algum momento aparecer vestido com o acessório bordado “Trump 2020”.
Não bastassem as declarações, que não têm status oficial, mas podem deixar setores apreensivos e antecipar crises diplomáticas e comerciais, Eduardo resolve enfiar na cabeça a carapuça de que o próximo governo brasileiro será subserviente, capacho dos EUA, em relação a temas que são muito caros ao país e a outros por pura jequice.
Tudo na atitude do 03 já seria esdrúxulo, mas piora porque ele posa de representante do presidente eleito quando não tem nenhuma autoridade para brincar de relações internacionais. Nem como líder de partido, o que ele almeja mas ainda não é, nem como parlamentar, e muito menos no cargo de filho, que não lhe confere qualquer poder, ao contrário do que ele e seus irmãos possam pensar.
Eles precisam entender que a eleição acabou e que precisam respeitar hierarquias, instituições, protocolos. O episódio em que 03 ameaçou ministros do STF ao dizer que para fechar o Supremo bastava apenas um soldado e um cabo parece não ter sido uma boa lição de que os filhos do presidente deveriam assumir apenas o papel que lhes cabe na vida pública. No caso de Eduardo, o de deputado federal.
Está mais do que na hora de Jair colocar os garotos na linha e de eles agirem como zeros à esquerda para não atrapalhar papai e o país.
Fonte: Folha
Créditos: Mariliz Pereira Jorge