Política

FHC revela que não nomeou Eduardo Cunha para Petrobras

Em gravações FHC fala: “Enfim, começo a sentir o travo amargo do poder, no seu aspecto mais podre de toma lá, dá cá"

RJ - VIVA RIO/FHC - POLÍTICA - O ex-presidente da República, Fernando   Henrique Cardoso, participa da conferência   "Viva Rio 18 anos: um bom momento para   pensar", realizado na sede da Federação das   Indústrias do Estado do Rio de Janeiro   (Firjan), no centro do Rio.    07/12/2011 - Foto: WILTON JUNIOR/AGÊNCIA ESTADO/AE
RJ - VIVA RIO/FHC - POLÍTICA - O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, participa da conferência "Viva Rio 18 anos: um bom momento para pensar", realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), no centro do Rio. 07/12/2011 - Foto: WILTON JUNIOR/AGÊNCIA ESTADO/AE

Trechos do livro “Diários da Presidência”, escrito pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, divulgados pela revista Piauí nesta segunda-feira, revelam episódios de sua experiência como chefe do Executivo. Entre os muitos registros de FH está a recusa do pedido feito pelo deputado Francisco Dornelles para que Eduardo Cunha (PMDB), na época deputado federal e hoje presidente da Câmara, fosse nomeado diretor comercial da Petrobras. O relato é de 1996.

“Eles (deputados) querem nomear o Eduardo Cunha diretor comercial da Petrobras! Imagina! O Eduardo Cunha foi presidente da Telerj, nós o tiramos de lá no tempo de Itamar (Franco, ex-presidente da República) porque ele tinha trapalhadas, ele veio da época do Collor. Enfim, não cedemos à nomeação”.

Fernando Henrique fez todo os registros com um pequeno gravador, fazendo os relatos em voz alta. O que foi gravado, quase 90 horas, resultou na publicação de quatro mil páginas. Trechos inéditos do livro, com narrativas entre novembro de 1995 a abril de 1996, estão publicados na revista Piauí, na edição deste mês. A obra de FH terá quatro volumes. No fim do mês será lançado o primeiro livro.

Na narrativa, Fernando Henrique detalha as negociações para incluir o extinto PPB de Francisco Dornelles, Paulo Maluf (SP) e Esperidião Amin (SC) no governo. “Parece que o PPB não aceita o Ministério da Reforma Agrária sem o Incra. Luiz Carlos (Santos, líder do governo na Câmara) sugeriu que ampliássemos a oferta e incluíssemos o Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. Isso para mim é dolorido, por causa da Dorothea (Werneck, ministra), que é uma ministra de quem eu gosto, e ela tinha que ser avisada dessa manobra”. “Enfim, começo a sentir o travo amargo do poder, no seu aspecto mais podre de toma lá, dá cá”.

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