Nome desconhecido na política nacional até meados de 2016, Jair Bolsonaro tinha seu reduto apenas no Rio de Janeiro, onde fez a família viver as custas de dinheiro público e tinha suas ideias extremistas carimbadas pela milícia. O desconhecimento do atual presidente não era apenas entre quem estava fora da política. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) revelou, em entrevista, que nunca chegou a conhecer Jair Bolsonaro durante seu período na política, apesar de ter escutado menções ao seu nome e até mesmo ameaças por ele proferidas.
O ex-presidente explicou que, em todos os cargos que passou, de senador, a ministro e presidente, nunca trabalhou com Bolsonaro. Para ele, o atual presidente não tem o peso cultural que o país precisa. “Ele falava mal de mim, uma vez disse que ia me fuzilar, com não sei quantos mais. Eu não ligava para isso, porque ele não existia. Erro meu, porque ele existe. Foi presidente, foi eleito, e corre o risco de ser reeleito. Depende da capacidade que nos tenhamos de oferecer uma alternativa capaz de enfrentá-lo”, disse FHC.
FHC se referia ao episódio protagonizado por Bolsonaro durante uma entrevista ao programa ‘Câmera Aberta’, em 1999. À época, Bolsonaro disse que apenas uma guerra civil consertaria o país, e que seria necessário fazer o “trabalho que o regime militar não fez. Matando 30 mil, e começando por FHC”.
Governo Bolsonaro e eleições em 2022
Ao comentar sobre o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), FHC disse ter a impressão de que “o nosso governo está deslocado, não está batendo na mesma toada que o resto do mundo”. Mesmo assim, o ex-presidente se disse otimista de que seja transitório e possível de melhorar. Para Fernando Henrique, os partidos políticos precisam ter mais proximidade com a realidade do povo brasileiro. Essa, segundo ele, seria uma vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), porque ele “veio de baixo” e “guardou na memória dele o que é dificuldade da vida”.
“Não podemos nunca esquecer que a vida é dura para muita gente, e olhar para essa maioria. Talvez o presidente atual olhe mais para os colegas dele”, opinou.
Por isso, para o ano que vem, FHC considera necessária a existência de uma frente que possa evitar a vitória de “quem está ganhando”, em referência a Lula e Bolsonaro, que lideram as pesquisas de intenção de voto. No entanto, o tucano não mostrou preocupação de que este nome saia, necessariamente, do PSDB. E, sim, que haja “um caminho mais aberto, mais democrático”, para fugir do que considera uma polarização.
“Nunca votei no Bolsonaro, e dessa vez quero poder votar com tranquilidade. Mas se não puder votar com tranquilidade eu vou fazer uma escolha, porque nós sabemos o que significa o Bolsonaro”, disse.
Sendo assim, FHC disse que escolheria Lula por ser “democrata” e respeitar as instituições. FHC disse, também, que o petista é “uma pessoa curiosa” por ser ao mesmo tempo um “líder sindical que olha para os que mais precisam” e que também “gosta dos que não precisam”. “Ele faz uma ponte aí. E em certas circunstâncias é melhor ter a ponte do que alguém que derrube pontes”, afirmou.
Fonte: Polêmica Paraíba e UOL
Créditos: Polêmica Paraíba