De O Globo – Mayara Mendes
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta terça-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou não acreditar que Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff estivessem alheios ao esquema de corrupção formado na Petrobras. “Em português claro: não é crível que o que aconteceu na Petrobras fosse desconhecido por quem estivesse no poder, seja Lula seja Dilma. Não digo que estejam involucrados no assunto, mas não é crível que estivessem alheios”, apontou ao jornal.
Quando perguntado sobre a delação do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que disse ter começado a receber propina em 1997, o ex-presidente respondeu não temer a apuração do que foi dito. “Li todos os depoimentos do Barusco. Foi um ato individual dele. A institucionalização veio depois de 2004. Ele foi claro. Não existe isso, mas não tenho nenhum medo que se apure. Não tenho nada a ver com isso”, assegurou.
Para FH, o sentimento popular é de indignação em relação à corrupção “bem incrustada no Estado”. O ex-presidente também destacou que o governo precisa reconhecer que errou e que não pode fugir das responsabilidades:
Para ele, fugir das responsabilidades é o que tem feito o ex-presidente Lula. Fernando Henrique afirmou que seu sucessor sumiu após convocar o MST e a CUT para as ruas:
“O presidente Lula foi fazer uma declaração absolutamente imprópria, de pedir que os exércitos da CUT e do MST fossem para a rua. Depois ele se cala? Não se sente responsável se depois os ânimos se acirrarem? Ele sumiu e agora só Dilma que é culpada? Só se lê nos jornais que Lula reclamou da Dilma. Que é isso?”
Sobre se aceitaria um convite da presidente para conversar, o ex-presidente ressaltou que não recusaria, mas que teria que ser em público, pois “não é hora para conchavo”: “Nunca recusei chamado de ninguém para conversar. Nem da Dilma. Agora o momento não é de conchavo. Se a presidente achar que é momento de chamar, deve ser público. Não se pode conversar sem pauta. Não sei se ela tem força convocatória, porque não tem que chamar só a mim. Tem que ampliar. Agora temos que digerir, todos nós, esse processo todo e ver o que vai acontecer nas próximas semanas. Vamos ver se o governo vai pagar o preço de correr mais fundo esse processo de estabelecimento das responsabilidades.”