eleições 2020

FENÔMENO ENTRE OS JOVENS: Considerado ameaça para reeleição de Trump, no Brasil, TikTok deve criar legado para o futuro, diz especialista em marketing político

"Ter presença nas mídias sociais que estão em crescimento e despontando na internet, torna-se uma oportunidade de construir um conteúdo personalizado para um público alvo", aponta o especialista.

Você, com certeza, deve ter pelo menos ouvido falar no TikTok. É uma rede social chinesa, que em seu país de origem tem uma versão chamada Douyin e que serve para compartilhar vídeos curtos de até um minuto na internet, e que está disponível em mais de 150 países e em 75 idiomas.

Fenômeno mundial no público jovem, de forma destacada entre os adolescentes, atualmente, estima-se que o aplicativo, gratuito, tenha mais de 2 bilhões de usuários em todo o mundo.

O crescimento avassalador da ferramenta já chamou atenção do Instagram, que recentemente lançou sua versão do TikTok chamada Reels, que reune vários recursos de edição que ficaram famosos no original chinês. Especialistas em marketing digital avaliam que a ideia do Facebook, proprietário do Instagram, é recuperar os acessos perdidos com o crescimento do TikTok nos últimos meses. No Brasil, um estudo da HypeAuditor aponta que 56,8% do público que usa o aplicativo é composto por jovens do sexo feminino entre 13 e 24 anos, com um detalhe que chama atenção: 31,07% das usuárias são garotas de 13 a 17 anos, dado considerado atípico, já que isso não ocorre em outros países.

Apesar da popularidade, o TikTok é envolto em polêmicas, principalmente nos Estados Unidos, onde surgiu a mais recente. Lá, o presidente Donald Trump deu sinais de querer banir a plataforma do país. No último dia 6, Trump chegou a anunciar que o app deve parar de funcionar em terras norte-americanas dentro de de 45 dias. O presidente coloca em xeque a segurança das informações compartilhadas nele, ao coletar dados pessoais de usuários do país e enviá-los ao governo chinês. O aplicativo nega as acusações.

Mas o que estaria por trás dessa obstinação do presidente dos Estados Unidos, na verdade, foi um episódio que aconteceu em julho, quando usuários do TikTok conseguiram esvaziar o primeiro ato de campanha de reeleição do republicano. Os tiktokers, como são chamados, afirmaram ter registrado milhares de participantes no comício de Trump, sem que tenham intenção de comparecer. Além disso, o movimento de Trump ocorre em meio a um momento tenso entre Estados Unidos e China em várias questões, inclusive comerciais, e a resposta à pandemia do Coronavírus, o que demonstra que o aplicativo, que fez sucesso com vídeos de humor, desafios e dublagens, agora se rende à seara eleitoral, chegando inclusive a atualizar sua política de conteúdo para conter a desinformação em meio à campanha presidencial norte-americana.

TikTok e as eleições no Brasil
Diante de tamanha popularidade e da força que a rede social já demonstra ter na terra do Tio Sam, o Polêmica Paraíba procurou saber de um especialista em marketing digital se o mesmo fenômeno pode acontecer nas eleições municipais de outubro em solo verde e amarelo.

Para o publicitário paraibano Xhico Raimerson, no TikTok, como em toda mídia social, o desafio é atrair a audiência. No caso dos candidatos, eles devem ficar atentos para a qualidade do conteúdo a ser compartilhado.

“É muito importante saber que o TikTok é uma mídia mais usada por jovens e para jovens que curtem um linguagem mais, digamos, descolada. O candidato que se propor a participar dela, tem que possuir esse espírito de aventura e de humor, não ter medo de ‘cair no ridículo’ e deixar o conteúdo mais orgânico possível”, explica Xhico.

O publicitário pondera, contudo, que o maior legado do TikTok está no futuro, pois grande parte do público é adolescente, e com menos de 16 anos, nem vota ainda. Ele entende que ter presença nas mídias sociais que estão em crescimento e despontando na internet, torna-se uma oportunidade de construir um conteúdo personalizado para um público alvo.

“O candidato que quiser ocupar essa mídia e criar rede social tem que ser autêntico e aprender a usar bem as ferramentas, que são muitas nessa plataforma. O vídeo é a linguagem que domina e isso já se torna um tabu para algumas pessoas. Eu recomendo que só ocupe essa mídia se tiver disposto a construir conteúdo único e participar das correntes que surgem na plataforma”, orientou Raimerson.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba