O fim de semana reserva uma emoção especial para o seu Antônio , dona Marinete , e Luyara Franco. Nesta quinta-feira, pai , mãe e filha de Marielle Franco , vereadora executada a tiros em março do ano passado, junto com o motorista Anderson Gomes , no Estácio, Região Central do Rio, embarcam para Paris , na França, onde, a convite da prefeita Anne Hidalgo, acompanharão, no próximo sábado , às 10h15m (horário de Brasília), a inauguração do Jardim Marielle Franco , na Rua d’Alsace. Em abril deste ano, a Câmara Municipal parisiense aprovou a homenagem à parlamentar carioca , e o local escolhido para levar seu nome foi o jardim suspenso, que já estava em construção numa área próxima à estação de metrô Gare de l’Est.
— A expectativa é muito boa. Estamos felizes em poder participar, recebemos uma carta convite da prefeitura de Paris, linda. Acho que é uma oportunidade de o Brasil se unir pela democracia, pela resistência, por essa mensagem que a Marielle passa, disse Marinete da Silva, mãe da vereadora. Ela ressaltou o legado da filha.
— Uma homenagem como esta, num país democrático como a França, é muita honra para nós. É um reconhecimento, e é exatamente isso que nós ficamos felizes em saber. Que cada vez ela tenha um reconhecimento maior como defensora dos direitos humanos, porque, infelizmente, continuamos sem saber quem mandou matar minha filha — lamentou.
A família conta que os custos da viagem estão sendo pagos por ONGs. Uma delas, fez uma vaquinha online, que conseguiu arrecadar cerca de 2 mil euros, que auxiliaram no pagamento das despesas. Eles também cuidarão da estadia. Dona Marinete se emociona.
— É minha filha que nos permite isso — disse.
Mônica Benício, viúva de Marielle, também foi convidada para a homenagem, mas não poderá ir, pois terá compromisso no domingo, dia seguinte, com a Parada LGBT. Ela lamentou, mas escreveu uma carta de agradecimento à prefeitura de Paris, que será lida durante a inauguração.
— Que esse jardim aqui em Paris seja símbolo da primavera da revolução que segue em curso e não poderá mais ser detida. É um sinal de que seguiremos espalhando pelo mundo o seu nome como sinônimo de força e beleza, como um chamado para a resistência contra as forças da brutalidade e do ódio — disse.
Além da presença da prefeita Anne Hidalgo, a inauguração do jardim deve contar ainda com coletivos, apresentações culturais e musicais, e a presença da deputada Renata Souza (PSOL), que era chefe de gabinete de Marielle Franco na Câmara Municipal do Rio.
— A Marielle ter um jardim na cidade luz demonstra que o seu brilhantismo iluminou o mundo. Em especial, para a luta contra as desigualdades sociais, principalmente as de gênero, raça e classe. Mari encarnou na sua luta política todos ideias de liberdade, igualdade e fraternidade. Uma simbologia muito potente e linda tê-la florindo um jardim francês — afirmou Renata.
‘Acreditamos até o final que ela não seria capaz de fazer isso’,diz irmã sobre pedido de Dodge por federalização
Nesta terça-feira, Mônica já havia se mostrado contrária ao pedido de Incidente de Deslocamento de Competência (IDC) feito pela ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge . O Ministério Público do Rio, que investiga o caso junto à Delegacia de Homicídios da Capital, também se mostrou contra ao pedido de federalização do caso, e, inclusive, através do procurador-geral do estado Eduardo Gussem, enviou um ofício ao Ministério Público Federal (MPF).
A mãe de Marielle, Marinete, e a irmã, Anielle Franco também tiveram a mesma posição. Anielle disse que acreditava que, após conversas com a família, Dodge não tomaria esta atitude.
— Estávamos até esperando que ela não fosse fazer isso. Acreditamos até o final que ela não seria capaz de fazer isso. Nós continuamos contrários à federalização. Não falar com ninguém da família, para mim, é muita audácia. É um retrato dos tempos que vivemos — disse Anielle.
Assim como a viúva de Marielle, a mãe da parlamentar também falou em “desrespeito” ao falar sobre a iniciativa de Raquel Dodge.
— Nós temos demonstrado publicamente que somos contra a federalização do caso, porque é uma falta de respeito ao trabalho que tem sido feito aqui no Rio. No apagar das luzes do trabalho dela, não tem muito sentido. Para Marinete, não há de que houve qualquer negligência por parte dos investigadores que cuidam do caso.
— As promotoras do Ministério Público são de total confiança da família. Este processo, se for federalizado, nos trará imensa preocupação, pois não sabemos na mão de quem vai cair. Eles teriam que ler muito, é um inquérito muito volumoso, são muitas páginas — lamentou Marinete.
Fonte: O Globo
Créditos: O Globo