O retorno de Juan Guaidó à Venezuela, nesta segunda-seira (04), traz ameaça ao regime de Nicolás Maduro e esperanças para o povo da Venezuela. É nisso que se apega o jovem Alexander Moreno, de 21 anos de idade. Ele mora há um ano em Lagoa Seca, na região metropolitana de Campina Grande, e está entre os milhares de venezuelanos que vieram para o Brasil após o aumento da crise humanitária e da repressão política no país vizinho.
Alexander era estudante de Direito e membro do ‘Vente’, um partido de oposição na Venezuela. A decisão de sair do país aconteceu depois que ele participou de protestos contra Maduro e passou a ser perseguido pelo Governo local. Acusações contra a mãe dele, tida como ‘cúmplice’ pela Justiça, o motivaram a fugir em direção à Colômbia e Equador, onde estabeleceu contatos com frades franciscanos que o ajudaram a se mudar para a Paraíba, em março de 2018.
“Em 2017, quando comecei a participar dos protestos, eu fui processado na justiça ilegítima, e por minha ação de me manifestar contra o regime era considerado traição, eu seria um apátrida; para eles, eu sou um rebelde, um terrorista, e quando minha mãe também foi citada como cúmplice por não ter me entregado, resolvi fugir”, contou.
Atualmente Alexander mora no Convento Ipuarana, onde trabalha de carteira assinada e tem todos os direitos trabalhistas assegurados. Ele voltou a estudar Direito, em uma faculdade privada de Campina Grande, e aos poucos vai estabelecendo uma nova vida no Brasil. “Pouco a pouco vou buscando a estabilidade, como um imigrante que busca um novo rumo”, explicou.
Nesta segunda-feira (04), Alexander revelou à reportagem do Polêmica Paraíba que apoia todas as manifestações contra Nicolás Maduro, que foram convocadas pelo presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó – reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por mais de 50 países que fazem parte da Organização das Nações Unidas (ONU), inclusive Brasil e Estados Unidos.
O reconhecimento de Guaidó como presidente aconteceu depois das últimas eleições presidenciais, marcadas por denúncias de fraudes, boicote da oposição e alto índice de abstenção. Maduro ‘venceu’ o pleito e pretendia ficar no cargo de presidente por mais seis anos. Ele se apega a um referendo popular aprovado no Governo Chavez, em 2007, que permite reeleições sucessivas para presidente.
Apesar de acompanhar toda a crise política à distância, o jovem Alexander Moreno acredita na união da maioria dos venezuelanos em torno da estabilidade política em seu país.
“Hoje a Venezuela está mais unida do que nunca, depois do anúncio do nosso presidente constitucional, o país está novamente na rua. Demonstrando à comunidade internacional que a Venezuela precisa e exige um caminho político, social e econômico, e que vive uma ditadura. Não podemos viver isso mais. Não só a Venezuela está interessada, mas o mundo e a América-latina”, observou.
Crise política e humanitária
Mesmo distante, Alexander Moreno tem recebido rotineiramente mensagens de parentes e amigos que vivem na Venezuela. Ele enfatizou que a crise política tem afetado a economia do país. Ele acredita que a resolução dos problemas sociais só serão resolvidos com após o restabelecimento da democracia.
A economia da Venezuela, que já foi considerada um das mais fortes das Américas, se deteriorou fortemente após o modelo estatizante adotado por Hugo Chavez e posteriormente mantido por Nicolás Maduro. A estatização atingiu comércio, bancos privados e indústrias, o que provocou o aumento dos gastos governamentais e um déficit de cerca 16% do Produto Interno Bruto (PIB), o total da riqueza produzida internamente.
Além do caos provocado pelo Governo estatizante, a queda no preço do barril de petróleo, a principal fonte de riqueza da Venezuela, contribuiu para o desgaste econômico. Medidas erradas como a impressão de moeda para tentar pagar as dívidas, só complicaram a situação. Conforme o Fundo Monetário Internacional, em 2019 a inflação do país deve ultrapassar 10 milhões por cento, agravando a situação da população, que já sofre com o desabastecimento de diversos produtos e precisa conviver com os altos preços.
‘Os venezuelanos estão vivendo do pouco, e por isso pede ajuda à Comunidade internacional. É o momento de fazer algo contundente pela Venezuela. Queremos a saída do usurpador, um governo de transição e eleições livres. A saída da ditadura de governo Maduro, para que a Venezuela novamente viva e goze da democracia”, pediu.
Alexander revelou ainda que parte de sua família e de amigos continuam a protestar contra Maduro, mesmo temendo represálias. Apesar do medo, ele garante que essas pessoas não vão desistir de lutar. “Exigimos a saída de Nicolás Maduro. O venezuelano está com medo na rua, mas esse medo não derruba o povo venezuelano”, pontuou.
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Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba