Os petistas paraibanos estavam irradiantes. “Estamos de alma lavada”, disse um deles sobre a visita dos ex-presidentes Lula e Dilma a Monteiro.
Eles fizeram o que se chamou de “Inauguração Popular da Transposição do Rio São Francisco na PB”. Um contra ponto feito ao evento oficial do governo Temer, no último dia 09 de março, que marcou a chegada da águas da Transposição aqui no Estado.
O evento surpreendeu até os petistas. Segundo os organizadores, mais de 50 mil pessoas estavam lá. Por volta das 10 horas da manhã, uma multidão já aguardava os ex-presidentes no canal, em cima da ponte e às margens do rio Paraíba.
Militantes, integrantes de movimentos sociais e admiradores foram para Monteiro. Eram de várias cidades da PB, PE, RN e CE. O congestionamento para entrar na cidade era quilométrico e dezenas de vans e ônibus chegavam a todo momento.
Quando Lula e Dilma chegaram, as barreiras para evitar a aproximação das pessoas quase não funcionaram. Não houve a mínima condição de fazer o plantio das árvores que havia sido planejado e o banho no rio foi rápido e sob “pressão” popular. O gesto simbólico foi usar o chapéu e jogar água para cima.
A saída para a carreata também foi em meio a muito aperto.
Lula e Dilma chegaram acompanhados do governador Ricardo Coutinho (PSB), senadores e deputados federais petistas, deputados estaduais e aliados políticos.
No palco, o ex-presidentes receberam a medalha Epitácio Pessoa, a maior comenda do Legislativo paraibano. Um momento rápido, engolido por um evento claramente eleitoral. “Eles peçam a Deus para eu não ser candidato, porque se eu for é para ganhar as eleições desse país e eu povo voltar a sonhar. O povo não merece a safadeza de que está sendo vítima”, disse Lula.
O ex-presidente falou da função social da transposição e alertou sobre a utilização “seletiva” da água. “Esta obra tem uma função social, que é matar a sede do povo. Não é para botar uma bomba lá e usar a água para irrigar e ganhar dinheiro”, afirmou. Ele se referia a irrigação nas grandes propriedades rurais.
Ricardo Coutinho
O ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) falou sobre seus posicionamentos e disse que se orgulha de ser um político que escolhe um lado. Em uma parte de seu discurso, focou no legado deixado pelos governos petistas, como aumento de universidades públicas, institutos federais, escolas técnicas e aumento da instalação de cisternas. Coutinho também fez uma referência velada a políticos adversários do ex-presidente Lula que gravaram vídeos e tiraram fotos comemorando a conclusão da Transposição. “Colocaram um sorriso safadinho na cara e vieram tirar foto como pai da obra”, ironizou.
Gervásio e João Azevedo
Dois pré-candidatos ao governo da PB falaram. O secretário de Recursos Hídricos, João Azevedo, foi chamado para destacar a parte técnica da obra. João destacou a importância das obras complementares para redistribuição da água do RSF. Segundo ele, estão sendo investidos 1,4 bilhão de reais, 1 bi somente no Canal Acauã-Araçagi.
Quem também teve seu espaço garantido foi o presidente da Assembleia Legislativa da PB, Gervásio Maia (PSB). Maia teve uma visível “resistência” inicial na sua fala. Sem tanta empolgação do público. Mas conseguiu encontrar o tom do discurso da esquerda, fazendo elogios a Lula, ao governador Ricardo Coutinho, e destinando suas críticas aos políticos que chamou de golpistas. Políticos do seu antigo partido, o PMDB.
Em um momento os discursos foram interrompidos para um pequeno show do cantor Chico César, que cantou quatro músicas. Entre elas “Pra não dizer que não falei das flores”, de Vandré.
Outros discursos
O primeiro a falar foi o padre Djacy Brasileiro, personagem símbolo da luta pela transposição do RSF. Também discursaram o prefeito de Sumé, Éden Duarte, o deputado federal Luiz Couto (PT), que cantou; e a presidente Dilma Rousseff, que voltou a dizer que não cometeu crime de responsabilidade para ser retirada do governo. Dilma também acusou o atual governo de ainda estar colocando em prática o que chama de “golpe” aos trabalhadores.
Sobre a obra, a ex-presidente destacou : “Em Monteiro nós estamos mostrando que o Rio São Francisco chegou aqui porque nós, tanto o presidente Lula, que teve a ideia e porque é daqui do Nordeste, porque sabe o valor da água para cada um nordestino, homem ou mulher, criança, bebê, ele sabia na carne esse valor e por causa disso foi o primeiro presidente a de fato ver que o Nordeste precisava da água para se desenvolver”.
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Fonte: http://blogs.jornaldaparaiba.com.br/laertecerqueira/
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