Na Paraíba dos nossos dias, um festival de música, promovido pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado, contemplou, com o primeiro lugar, uma canção que agride , com a alcunha de “trapaceiro”, aquele que é considerado pelos historiadores como o maior paraibano de todos os tempos, que alcançou os mais altos postos da Nação e recebeu reconhecimento internacional na condição de Chefe da Delegação Brasileira junto à Conferência de Versalhes e como juiz da Corte Internacional de Haia.
Nascido em São Sebastião do Umbuzeiro, em 23 de maio de 1865, Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa tinha apenas sete anos quando deixou a Paraíba e o nosso estado era apenas um ponto quase invisível no mapa brasileiro. Formado pela Faculdade de Direito do Recife, seguiu para o Rio de Janeiro onde, aos 25 anos, já era apontado como um jurista renomado.
Político, magistrado, diplomata, professor universitário , foi deputado federal por dois mandatos, Ministro da Justiça, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Procurador Geral da República, senador por três vezes até ser eleito Presidente da Republica , vencendo o baiano Rui Barbosa, quando estava na França, em missão oficial, num caso único na história do País.
Entre as realizações de sua passagem pela Presidência do Brasil, os livros e compêndios dão destaque à construção de 200 açudes no Nordeste brasileiro, que muitos consideram a maior obra do seu governo; a implantação de mais de 1.000 quilômetros em ferrovias e a criação da Universidade do Rio de Janeiro. Ao deixar a presidência, foi eleito Ministro da Corte Permanente do Tribunal de Haia.
Diante disso, cabe a pergunta: quem é o trapaceiro? O presidente Epitácio Pessoa? O Estado, que permitiu e premiou a blasfêmia? Os jurados, que avalizaram a aleivosia? Ou o autor da música, com a sua total ignorância sobre a história paraibana e brasileira?
Fonte: Abelardo Jurema
Créditos: Abelardo Jurema