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'VITÓRIA MUITO GRANDE': Dom Delson quebra silêncio sobre decisão que inocenta Arquidiocese em processo de abuso sexual; OUÇA

O arcebispo metropolitano da Paraíba, Dom Manoel Delson, comemorou o resultado do julgamento do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que inocentou a Arquidiocese da Paraíba no processo que investiga suposta prática de abuso sexual de sacerdotes contra menores. Para o religioso, a inocência da instituição significa 'uma vitória muito grande' em âmbito judicial. O sacerdote atendeu a reportagem do Polêmica Paraíba na última quarta-feira (20), no Seminário Arquidiocesano da Paraíba, no bairro do Castelo Branco, onde ele vive.

 

O Arcebispo Metropolitano da Paraíba, Dom Manoel Delson, comemorou o resultado do julgamento do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que inocentou a Arquidiocese da Paraíba no processo que investiga suposta prática de abuso sexual de sacerdotes contra menores e anulou uma indenização de R$ 12 milhões que a instituição teria que desembolsar. Para o religioso, a inocência da Arquidiocese significa ‘uma vitória muito grande’ em âmbito judicial e traz ‘tranquilidade’ à Igreja.

Dom Delson concedeu entrevista exclusiva ao Polêmica Paraíba, na última quarta-feira (20). Ele recebeu a equipe no reportagem no Seminário Arquidiocesano da Paraíba, no bairro do Castelo Branco, onde vive. Durante cerca de 30 minutos, Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, de 65 anos, abriu o coração para questões  sobre fé, polêmicas e a atual conjuntura político-social no Brasil.

O arcebispo que não costuma conceder entrevistas com frequência, discorreu sobre os desafios enfrentados pela Arquidiocese da Paraíba, os projetos para o futuro da instituição e comentou sobre temas de cunho social e político que envolvem a Igreja. Pela primeira vez, ele falou sobre a decisão judicial que inocentou a Arquidiocese no processo sobre abuso sexual contra menores. A entrevista foi conduzida pelo repórter Felipe Nunes e contou com a colaboração do cinegrafista Marcelo Júnior.

Denúncias

Para Dom Delson, a vitória da Arquidiocese na Justiça, no processo que acusa a instituição de proteger padres suspeitos de abuso sexual, significa ‘uma vitória muito grande’ e é sinônimo de ‘confiança’ na Justiça. Ele ressaltou que, apesar das críticas, é um direito da instituição se defender perante o Judiciário e exigir provas sobre os fatos denunciados. “Nós cremos que a Justiça tem um papel muito importante em esclarecer os fatos. E a resposta nesse sentido, em benefício da Diocese, creio que nos dá uma certa confiança. O processo ainda não está totalmente concluído. Há possibilidade de apelação, vamos aguardar. Nossos advogados estão acompanhando, mas é uma vitória muito importante, nos dá uma certa tranquilidade”, informou.

O padre criticou a postura da mídia na cobertura dos acontecimentos envolvendo a instituição. Para ele, a imprensa não deu o destaque merecido à informação sobre a decisão que inocentou a Arquidiocese. As acusações em âmbito local ganharam uma repercussão tão grande, que o caso tornou-se pauta nacional, inclusive objeto de reportagem do programa Fantástico, da TV Globo. “Infelizmente, quando é uma notícia negativa, de condenação, os meios de comunicação fazem um alarde muito grande. Quando é uma notícia positiva, a repercussão é bem menor, não tem muito interesse, mas agradeço a você a oportunidade de tocar esse assunto. Estamos fazendo nosso trabalho e procurando, dentro da lei, fazer a nossa defesa, porque isso é justo”, opinou.

Dom Delson foi questionado pela reportagem sobre as providências tomadas pela Arquidiocese para evitar escândalos dentro da instituição. Segundo ele, a Igreja toma algumas atitudes internamente, através do Tribunal Eclesiástico, no sentido de orientar e disciplinar os padres, seguindo doutrinas ensinadas pelo Papa Francisco. Dom Delson lamentou a maneira como as denúncias foram apresentadas à Justiça e lembrou o caso do padre Adriano José da Silva, um dos suspeitos de ter praticado abusos, que morreu durante as investigações sem ver o processo concluído. “Estamos tomando internamente medidas de advertência, de orientação dos nossos sacerdotes, mostrando a responsabilidade de cada um, seguindo as orientações do Papa Francisco. (…) Não estamos passando a mão na cabeça de ninguém”, informou.

Sínodo da Amazônia e celibato 

Dom Delson respondeu sobre a possibilidade de a Igreja Católica flexibilizar o celibato. O assunto vem à tona sempre que surgem denúncias envolvendo abusos sexuais envolvendo padres. O tema também foi discutido recentemente, no Sínodo da Amazônia, realizado pelo Vaticano para discutir as necessidades da instituição na região Amazônica. Dom Delson lembrou que o celibato é um dogma da Igreja, mas opinou que a regra pode ser flexibilizada em situações pontuais. “Esperamos que tenha alguma coisa bem concreta para dar resposta a essa realidade da Amazônia. O celibato, para a Igreja, é um dom, e a Igreja não vai acabar com o celibato; mas em certas situações a Igreja pode abrir, para atender as necessidades religiosas da evangelização. Temos experiências em outras partes do mundo. Na Igreja oriental, os sacerdotes são casados”, lembrou.

Desafios

Mesmo tendo enfrentado um período turbulento na Arquidiocese, como as acusações contra padres da instituição, Dom Delson destacou que o ofício de dirigir a Igreja na Paraíba requer uma série de outros desafios eclesiásticos, como a atenção às 96 paróquias, aos 150 sacerdotes ligados à instituição e às questões relativas à evangelização e à caridade. “Há, na igreja, dois aspectos que nos ocupam muito. Primeiro, o da evangelização, da formação cristã, da espiritualidade, da comunicação da Palavra de Deus, de conseguirmos fazer com quê as nossas comunidades abracem os ensinamentos de Jesus Cristo a partir das sagradas escrituras, da doutrina da Igreja, e esse é um trabalho que exige de nós muito empenho”, confessou.

Para Dom Delson, outro desafio da Arquidiocese paraibana é compreender as necessidades dos fiéis em tempos de crise econômica, social e emocional. “Nós falamos de uma crise cultural, mudança de época, e essa crise cultural vai além de uma crise cultural, de uma crise econômica, política, religiosa; passa pela perda do sentido da vida, da fé, então todos nós estamos procurando entender este momento em que estamos vivendo, entender o ser humano que está sendo forjado e dar nossa contribuição do ponto de vista do evangelho, da nossa fé. Então não é fácil lidar com uma situação complicada como essa, mas estamos fazendo aquilo que está a nosso alcance”, ponderou.

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Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba