depoimento

Empresário mente sobre tríplex, diz Vaccari

Em carta, ex-tesoureiro do PT declara que não intermediou o recebimento de imóvel

João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, deixa o IML após a realização de corpo delito em Curitiba

O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto escreveu carta em que diz que o sócio da OAS Léo Pinheiro mentiu ao dizer que foi ele que intermediou o recebimento de apartamento tríplex em Guarujá para o ex-presidente Lula.

O dirigente petista também refuta a declaração de Pinheiro de que o imóvel fez parte de um esquema de propinas na Petrobras.

A declaração de Pinheiro de que o tríplex supostamente presenteado a Lula fazia parte de um esquema de propinas da Petrobras foi usada pelo juiz federal Sergio Moro e pelos desembargadores do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) para condenar o ex-presidente. A pena da segunda instância foi de 11 anos e um mês de prisão.

“Não é verdade o que declarou o Léo Pinheiro em depoimento e delação premiada, que as doações feitas pela empresa OAS ao PT estariam ligadas a supostos pagamentos de propinas relacionadas ao contrato desta empresa com a Petrobras. Nunca tive qualquer tratativa ou conversa com Léo Pinheiro para tratar de questões ilegais envolvendo o recebimento de propina”, diz a carta.

Prossegue o texto: “Também não é verdade o que diz Léo Pinheiro, que eu teria intermediado, em nome do ex-presidente Lula, o recebimento do tríplex do Guarujá como pagamento de vantagens indevidas”.

A carta, datada de 7 de fevereiro com firma reconhecida no último dia 22, foi usada pela defesa de Lula em recurso apresentado nesta segunda (26) ao TRF-4. Os advogados do ex-presidente afirmam que o fato de o juiz ter se recusado a ouvir Vaccari sobre as declarações de Pinheiro caracteriza “grave cerceamento de defesa”, o que resulta em nulidade.

O depoimento de Pinheiro sobre o tríplex foi decisivo para o juiz Moro condenar Lula.

Em audiência em 20 de abril do ano passado, o sócio da OAS disse: “O apartamento era do presidente Lula desde o dia que me passaram para estudar os empreendimentos da Bancoop, já foi me dito que era do presidente Lula e sua família, que eu não comercializasse e tratasse aquilo como uma coisa de propriedade do presidente”.

Bancoop era a cooperativa do sindicato dos bancários que começou a construir o prédio e faliu em 2009. Com a bancarrota, a OAS assumiu o empreendimento.

Na mesma audiência, Pinheiro disse que a reforma a do tríplex foi bancada com propina que a OAS devia ao PT —o que o partido sempre rebateu.

Quando fez as declarações, Pinheiro já havia sido condenado a 39 anos de prisão, tivera sua prisão decretada pela segunda vez e buscava fechar um acordo de delação.

Condenado a 36 anos e 8 meses de prisão em três ações penais e absolvido em duas, Vaccari está preso em Curitiba desde março de 2015.

OUTRO LADO

O advogado de Pinheiro, José Luis Oliveira Lima, diz que ele não mentiu: “Os esclarecimentos prestados por Pinheiro, bem como os documentos juntados, comprovam a veracidade das suas declarações. É no mínimo estranho que, passado tanto tempo do interrogatório de Pinheiro e da condenação do ex-presidente, só agora seja apresentado esse documento”.

Fonte: Folha de S. Paulo
Créditos: Mario Cesar Carvalho