Em seu último evento público antes do julgamento que pode decidir o futuro de sua candidatura, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou como se estivesse à beira de um segundo turno nesta terça-feira (23), em ato que ganhou ares de comício eleitoral em Porto Alegre.
Um dia antes de o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) julgar em segunda instância o caso do tríplex do Guarujá (SP), Lula quase não falou de Lava Jato e preferiu fazer um discurso nostálgico, falando de um “Brasil grande” que teria existido nos anos do PT no poder. Só não pediu voto, o que a lei eleitoral proíbe fora da época de campanha.
O petista chegou a Porto Alegre por volta das 17h, reuniu-se com advogados e militantes e depois seguiu para o ato em seu apoio. Segundo estimativa dos organizadores, 70 mil pessoas compareceram ao evento. A Brigada Militar do Rio Grande do Sul não divulgou números oficiais de público. Prédios públicos da região foram fechados.
Em seu discurso, Lula adotou um tom político, de crítica ao atual governo e à grande imprensa – sobretudo a TV Globo – e de exaltação de seus dois mandatos como presidente, entre 2002 e 2009. Disse ainda que só a morte vai pará-lo. “Eles sabem que se tem alguém que sabe cuidar do povo somos nós”, discursou, fazendo praticamente um resumo de sua plataforma política –apresentar o Brasil como potência internacional soberana e com um Estado de bem-estar social. “Só uma coisa vai me fazer parar o que eu estou fazendo. É o dia que eu não estiver mais aqui. O dia em que eu morrer”.
Diversas lideranças petistas participaram do ato, entre eles: a ex-presidente Dilma Rousseff; os senadores Lindbergh Farias (RJ) e Gleisi Hoffmann (PR), presidente da legenda; os ex-governadores do Rio Grande do Sul Tarso Genro e Olívio Dutra; o ex-governador da Bahia Jaques Wagner; o vereador de São Paulo Eduardo Suplicy; e os ex-ministros Fernando Haddad e Alexandre Padilha.
Representantes de outros partidos também estiveram no evento, entre eles a pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB, Manuela D’Ávila (RS), e o senador do PMDB Roberto Requião (PR).
“Não vou falar do processo. Não vou falar da justiça. Primeiro, porque tenho advogados competentes. Aqueles que vão votar vão se ater aos autos do processo e não a suas convicções políticas”, iniciou o petista. “Eu vim aqui pra falar do Brasil. Da soberania nacional. Da integração latino-americana. Do Mercosul. Da ‘safadeza que que querem fazer’ com a previdência. De quem sonha em viver com dignidade no Brasil”.
“Não estou preocupado comigo, estou preocupado com o povo brasileiro”, disse o ex-presidente. “Não posso me conformar com o complexo de vira-lata que tomou conta do nosso país”.
Lula atacou os veículos jornalísticos, dizendo que a grande imprensa “não tem compromisso com a verdade” e também sofre de “complexo de vira-lata”. O petista chamou a imprensa de “covarde”, dizendo que os veículos não respeitam “as famílias”.
Fonte: Uol
Créditos: Uol