Em shopping de alto padrão, Rosângela Moro defende fim de assistencialismo
Durante o debate, Rosângela foi chamada de "gloriosa" e aplaudida a cada fim de resposta. Tirou fotos com as mulheres presentes antes de deixar o local, sem tomar o chá oferecido pelo jornalista Bruno Astuto.
Em um shopping de alto padrão na zona sul de São Paulo, a advogada Rosângela Moro, mulher do ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro, reuniu-se hoje com empresárias e socialites para debater empreendedorismo social e afirmou que “assistencialismo é uma palavra que a gente tem que deixar para trás”
A uma plateia escolhida a dedo e sem mencionar o marido, Rosângela defendeu que as empresas, e não o Estado, invistam no terceiro setor.
“A política assistencialista é importante. Na minha visão, ela é uma política de sucesso se você tiver menos pessoas dependendo dessa política. Se você começa com mil e acaba com 50 [pessoas atendidas em um programa social], tua política foi um sucesso. E as pessoas não vão precisar dela”, disse Rosângela para a plateia de cerca de 25 mulheres;
“Até um tempo atrás, ONGs eram os grandes atores do empreendedorismo social. Nós podemos deslocar todo esse papel que as ONGs fazem para as empresas, que têm essa responsabilidade de entregar o seu produto ou serviço sem prejudicar o meio ambiente, combatendo a violência feminina e a fome”, defendeu a advogada.
“O Estado, que é o primeiro setor, não gera dinheiro. As ONGs precisam de dinheiro, e não é o estado que vai dar. Não é o Estado quem tem que dar. O dinheiro circula no segundo setor, que é o mercado”, disse Rosângela.
A mulher de Moro ressaltou ainda que as empresas que investem no empreendedorismo social “não têm prejuízo, não vão distribuir lucro, vão gerar empregos e executar projetos que façam bem para a comunidade, além de agregar valor à marca e ao serviço. É uma questão de humanização”, disse.
Gucci nas mãos
Vestindo vermelho e com uma bolsa Gucci nas mãos, a advogada chegou com escolta da Polícia Federal. Veio acompanhada de uma empresária do ramo de joias, a socialite Lydia Leão Sayeg, uma das protagonistas do programa de televisão “Mulheres Ricas”. O evento foi organizado pelo braço feminino do Lide (Grupo de Líderes Empresariais).
Durante o debate, Rosângela foi chamada de “gloriosa” e aplaudida a cada fim de resposta. Tirou fotos com as mulheres presentes antes de deixar o local, sem tomar o chá oferecido pelo jornalista Bruno Astuto.
Participaram do debate ainda a advogada Sandra Comodaro, presidente do Lide Mulher Paraná e sócia da Nelson Wilians & Advogados; Anne Wilians, presidente do Instituto Nelson Wilians; e Nadir Moreno, presidente da UPS no Brasil. Ao relembrar suas trajetórias profissionais, todas citaram seus primeiros empregos –exceto Rosângela.
Nadir contou que começou na UPS como estagiária há 27 anos, até chegar à presidência da empresa –começou a trabalhar aos 14 anos. Anne lembrou que começou a trabalhar ainda na adolescência nas empresas do pai e na venda de semijoias até vir a São Paulo para estudar. Sandra compartilhou sua memória de trabalhar em “chão de fábrica” no Brás, em São Paulo, aos 16 anos.
Ao descrever sua experiência profissional às mulheres presentes, Rosângela falou do seu trabalho como advogada há 22 anos.
“Desde o início da carreira, trabalhei em escritórios grandes e pequenos, de médio e grande porte. De 2009 para cá, me encontrei neste ramo das associações e fundações”, contou, afirmando que atua na “estruturação de jurídica das associações e fundações que são criadas”. Após o fim do evento, perguntada pela reportagem do UOL sobre qual foi o seu primeiro emprego, Rosângela não quis responder. Ela deixou o local sem falar com a imprensa.
“Criança tem que brincar”
Perguntada sobre o seu sonho para o Brasil, a advogada afirmou que gostaria de ver um país “sem desigualdade, com educação de mais qualidade”.
“Vejo com tristeza a elite pensante, produtiva, saindo do país. Quero que eles voltem para produzir e compartilhar o que aprenderam”, disse Rosângela. Para ela, saúde e segurança também são muito importantes, “mas principalmente a educação, que é a chave para mudar tudo”.
Ela defendeu ainda a educação voltada para o trabalho, com “adaptação, atualização e capacitação”, e criticou a grade fixa das universidades. “Vocês tiveram direito ambiental? Direito do consumidor? Direito de proteção de dados, dos crimes cibernéticos e digitais? É uma constante evolução”, perguntou Rosângela às colegas também advogadas.
Rosângela compartilhou ainda uma experiência pessoal familiar, contando que não deixou o filho de 12 anos participar de uma feira de profissões na escola. “Criança tem que brincar. Deixa ele em casa jogando videogame que quando ele tiver querendo saber mais a respeito disso… Eu não concordo, sou meio conservadora”, disse a advogada.