A Polícia Federal (PF) afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de um relatório, que uma milícia digital que atua no País contra a democracia e as instituições usa a estrutura do chamado ‘gabinete do ódio’, um grupo que seria formado por aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) e que supostamente seria comandado por um paraibano.
A declaração foi feita em um relatório elaborado pela advogada Denisse Ribeiro, que está à frente dos inquéritos das fake news e das milícias digitais, e enviado ao ministro do STF, Alexandre de Moraes (leia abaixo).
“Identifica-se a atuação de uma estrutura que opera especialmente por meio de um autodenominado ‘gabinete do ódio’: um grupo que produz conteúdos e/ou promove postagens em redes sociais atacando pessoas (alvos) – os ‘espantalhos’ escolhidos – previamente eleitas pelos integrantes da organização, difundindo-as por múltiplos canais de comunicação”, diz trecho do documento.
A suposta milícia atuaria de forma anônima, tendo como alvos adversários políticos do presidente, ministros do STF, imprensa tradicional e até mesmo integrantes do próprio governo que seriam possíveis dissidentes.
A delegada apontou que o grupo atua em quatro fases. Na primeira, denominada de eleição, são escolhidos os alvos. Na segunda, chamada de preparação, são separadas as tarefas de cada membro e definidos também os canais em que as mensagens serão difundidas.
A terceira consiste no ataque em si, que nas palavras da delegada são “diversas postagens com conteúdo ofensivo, inverídico e/ou deturpado, formulado por várias fontes, por diversos canais e intensificado pela transmissão/retransmissão a integrantes do grupo que possuem muitos seguidores/apoiadores nas redes sociais, potencializando a difusão da notícia”.
E a última fase, é a de reverberação, seria a “multiplicação cruzada das postagens por novas retransmissões, complementadas ou não com novos elementos agregados, inclusive realizada por autoridades públicas e/ou pelos meios de comunicação tradicionais”. A Polícia Federal ainda identificou o uso de robôs para disseminar ainda mais as mensagens.
O inquérito que apura a existência de uma suposta milícia digital foi aberto em 2021, depois que o procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, pediu o arquivamento de outra investigação que envolvia aliados do presidente Jair Bolsonaro. Na época, Moraes atendeu ao pedido de Aras, mas decidiu abrir um novo inquérito para investigar a atuação de milícias digitais.
É importante destacar que esse relatório é parcial e não conclusivo. A própria delegada afirmou que novas apurações devem ser realizadas, além de depoimentos, cruzamentos de dados, entre mais medidas.
Clique aqui e leia o documento.
Paraibano
Como já foi publicado diversas vezes pela mídia nacional, seria um paraibano de Campina Grande o principal apontado pelas investigações de comandar o chamado ‘gabinete do ódio’. Trata-se de Tércio Arnaud Tomaz.
Tércio é lotado como assessor especial da Presidência da República, e chamou a atenção do vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, por ter criado uma página chamada ‘Bolsonaro Opressor 2.0’. Ele então foi convidado a trabalhar com a família.
Segundo o jornal O Globo, em 2018, Tércio estava lotado no gabinete de Carlos na Câmara de Vereadores enquanto acompanhava o então candidato à presidência, Jair, durante compromissos de campanha. Tércio também teria atuado nas redes sociais de Bolsonaro durante a campanha.
O relatório da Polícia Federal, no entanto, não cita Tércio.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba