Agora é oficial, o suplente de senador Deca do Atacadão, ou José Gonzaga Sobrinho, está devidamente empossado.
No inicio do seu discurso de posse, o senador tucano relembrou suas origens paraibanas: “Venho de muito longe, uma distância que não se mede por quilometragem. Uma terra que tem fome e sede. Um lugar não longe que só pode se trilhar com muita fé”.
Deca relembrou sua trajetória política e disse que o que separa o “menino descalço” que foi e o parlamentar que hoje discursa é o trabalho. “O trabalho é o milagre que o Brasil necessita nesse momento!”
Comentou a situação nacional e disse que o momento é de divisões e pensamentos extremados, mas o Brasil precisa de união: “Pois temos diante de nós uma economia abatida e carente, que precisa de cuidados intensivos. Não é com trincheiras à direita ou a esquerda que poderão ajudar o país”.
O suplente deverá assumir durante quatro meses.
O TEXTO DO DISCURSO NA ÍNTEGRA:
Excelentíssimo senhor presidente,
Excelentíssimas senhoras e excelentíssimos senhores senadores,
Paraibanas e paraibanos,
Brasileiras e brasileiros que nos acompanham pela TV Senado,
Permitam que me apresente.
Venho, senhoras e senhores, de muito longe. Uma distância que não se mede. Nem se contabiliza por quilometragem.
Venho de uma parte do Brasil que tem fome e que tem sede.
Venho de um lugar tão longe que só pode ser trilhado com fé.
E eu percorri esse caminho, em toda sua lonjura; em toda sua largueza.
Vejam só que trajetória longínqua separa o menino que conheceu energia elétrica somente aos 10 anos, nos sertões nordestinos, e o cidadão que caminhou hoje até esta tribuna, para falar para milhões de brasileiros…
Essa é a distância – quase intransponível – que percorri.
Mas aqui cheguei. Com as bênçãos de Deus e com o suporte amoroso de minha família – minha mãe, meu pai em saudosa memória, meus adorados filhos e netos.
Esta é, sem dúvida, a segunda maior realização pessoal da minha vida. A primeira ocorreu aos 14 anos, quando calcei – pela primeira vez – um par de sapatos.
O fio condutor dessa longa travessia – entre o menino descalço e o parlamentar que discursa na mais alta casa legislativa do meu País – é o trabalho.
Eu sou, senhoras e senhores, o improvável que deu certo. Não por milagre. Mas pelo labor.
E trabalho é o milagre que o Brasil necessita neste instante republicano.
Chego ao Senado em um momento histórico e delicado. Um momento de divisões e pensamentos extremados.
E faço, de pronto, um apelo: o Brasil precisa de união, não de divisão. A operação necessária é de adição, não de subtração.
Pois temos, diante de nós, uma economia abatida e carente de cuidados intensivos.
E não é com guerra ideológica ou com trincheiras à direita ou à esquerda que vamos reanimar nossos indicadores econômicos – fazendo esta nação voltar a crescer, modernizando nosso setor produtivo, ampliando nossa infraestrutura logística, reconduzindo 13 milhões de brasileiros a seus postos de trabalho, equacionando os déficits públicos e colocando o pão na mesa de todos.
A guerra que temos que travar é no front do mercado internacional.
E isso passa, necessariamente, por profundas transformações internas.
Passa, fundamentalmente, pela construção de novas relações de trabalho, por redefinições do papel do Estado, pelo alívio urgente e necessário dessa carga dantesca que chamamos de Custo Brasil.
E lhes digo, sem medo de errar: o Brasil não conseguirá dar um passo sequer adiante sem desenvolver seu setor produtivo.
E quando falo em nome dos setores produtivos, me refiro a um conjunto empreendedor amplo e plural – da agricultura familiar nordestina às linhas de produção paulista; dos pequenos negócios aos gigantes exportadores.
O Brasil precisa ser desenvolvido e modernizado por inteiro. Até porque, a continuar sendo moderno por partes, seremos sempre uma nação de fração rica e porções pobres.
Esse Brasil que queremos construir não pode, por exemplo, ser um organismo formado por partes tão distintas.
Pois somos partes de um todo. E só atingiremos o tamanho que desejamos quando esse todo se relacionar e se mover com harmonia.
Uma dessas partes é o meu Nordeste.
Sempre que recebeu investimentos, o Nordeste respondeu. E correspondeu.
A Paraíba, por sua vez, se insere neste Nordeste de forma estratégica com sua impressionante vocação logística.
Se há um coração naquela região, é exatamente nele que estamos assentados.
Estamos prontos para colaborar na construção de um Brasil pujante e generoso.
E temos todas as condições para chegar onde queremos.
Diria até que o espaço que nos separa desse Brasil de nossos sonhos é muito menor do que a distância que percorri para chegar até aqui.
Pois tenho plena convicção que somos, a despeito de tantos problemas, um povo nascido em berço esplêndido. Filhos de uma pátria mãe muito gentil. De um gigante que aguarda, tão somente, pelo nosso despertar.
Não é – eu sei – modesto o desafio que temos pela frente. Mas temos, aqui e agora, o necessário para operar mais este milagre.
Temos a força do nosso trabalho.
Concluo, senhoras e senhores, agradecendo a Deus e à minha família, em nome dos meus irmãos, filhos e sobrinhos aqui presentes.
Estendo meus agradecimentos aos meus amigos e aos meus pares do Senado, pela acolhida e receptividade, e ao senador Cássio Cunha Lima, por me confiar a continuidade do seu trabalho.
Obtivemos, juntos, mais de um milhão de votos – e me dedicarei, com energia e empenho, à missão de honrar cada um deles.
Mais uma vez, muito obrigado.
Fonte: Polêmica Paraíba