desconfiança

Eleitorado brasileiro não se vê representado por políticos

Pesquisa foi feita pelo instituto Ipsos e mostra o tamanho da insatisfação do povo com os políticos

A crise política que se institucionalizou no Brasil nos últimos anos tem deixado o eleitorado cada vez mais descrente nos políticos que deveriam representar o povo. Segundo levantamento feito pelo instituto Ipsos e divulgado no sábado (13), 94% dos entrevistados disseram não se sentir representados pelos políticos em quem votaram, independente de partido ou posicionamento. Essa porcentagem expressiva demonstra o tamanho da rejeição generalizada que a classe política vem enfrentando no País.

Em novembro do ano passado, ainda nos primeiros meses da gestão de Michel Temer, o instituto realizou a mesma pesquisa e constatou números diferentes.

Enquanto agora só 4% se consideram representados, naquele momento a porcentagem era de 13%. Em uma pergunta mais ampla, ao serem questionados se qualquer político em que votaram em algum momento da vida o representa, 86% disseram que não.

Mas o número mais assustador ainda está por vir. Gostando ou não da classe política que representa o povo nas casas legislativas e cargos do Executivo, o Brasil vive em um regime democrático. Porém, apenas 38% dos entrevistados pelo instituto Ipsos afirmam que a democracia é o melhor regime a se viver no País. 47% discordam dessa afirmação.

Passado mais de um ano após a queda da ex-presidente Dilma, que teve amplo apoio da população, com diversas manifestações, 81% declararam que o problema do País não é o partido A ou B, e sim o sistema político em que vivemos..

Outros números

Os números do instituto Ipsos também deixam clara a noção de desigualdade da população. Para 96% dos entrevistados, todos os brasileiros deveriam ser iguais perante a lei. Porém, apenas 15% consideram que essa visão é aplicada no Brasil.

O acirramento e enfrentamento político tão latente como foi visto durante o impeachmet da presidente Dilma parece ter sido deixado de lado, pelo menos é o que demonstra a pesquisa do instituto Ipsos. Para 88% dos entrevistados, o povo deveria se unir em prol do Brasil, ao invés de ficar brigando por causa de partido A ou B, ou político A ou B.

Opinião

Rupak Patitunda, um dos representantes do instituto Ipsos, afirmou que a democracia no Brasil não é representativa, pelo menos é o que se pode chegar a conclusão após a análise dos números. Segundo ele, um em cada dez eleitores veem o Brasil como um país onde a democracia não é respeitada, dessa forma, abre-se o debate para a implantação de outros regimes.

Para o cientista político José Álvaro Moisés, os números da pesquisa mostram que o povo brasileiro criou um senso crítico mais aguçado.

 

Segundo ele, a população se sente confortável em criticar o regime democrático, mesmo o tendo como ideal. Isso demonstra uma sinal de amadurecimento, segundo o cientista político.

O cientista político Humberto Dantas afirmou que a população percebe quanto os políticos estão trabalhando em causa própria e não em prol do povo. Segundo ele, essa falta de zelo pela “coisa pública” acaba manchando os preceitos democráticos.

Dantas deu como exemplo a proposta do Distritão, sistema eleitoral que foi aprovado pela comissão especial da Câmara dos Deputados que está analisando a reforma política.

Distritão

O novo modelo proposto é visto como uma tentativa dos deputados de facilitarem sua reeleição. Com o DIstritão, os deputados mais “famosos” e com maior recurso levam vantagem perante novatos, pois o único critério de votação para ser eleito seria o número absoluto de votos, não existindo mais o quociente eleitoral. Desse modo, candidatos com uma margem menor de votos não seriam eleitos graças aos votos dados em seu partido, facilitando a vida dos caciques já conhecidos dentro da política.

Fonte: Blasting news