As eleições municipais são famosas por suas disputas acirradas e históricas que norteiam milhares de cidades do país a cada quatro anos.
Aqui na Paraíba, cada município tem sua particularidade. Existem aquelas cidades onde a população é totalmente dividida e que as eleições são decididas por uma margem mínima de votos, por outro lado vemos locais capitaneados por famílias ou grupos políticos, que conseguem ficar mais de 20 anos no poder.
Após o fim da Ditadura Militar, houve a instauração do pluripartidarismo e o retorno das eleições livres na capital, o que proporcionou uma maior liberdade e mudanças profundas na política paraibana que se intensificaram a partir de 1985.
Nessa matéria nós iremos relembrar seis das disputas mais acirradas em Santa Rita, seus atores políticos e todo o enredo de grandes embates da história na cidade dos canaviais.
O pleito de 1982 englobou sete candidaturas: Severino Maroja (MDB 3), Aníbal Limeira (MDB 1), Reginaldo Pereira (PDS 2), Morais (PDS 1), Heraldo Gadelha (PDS 3), Francisco de Paula Aguiar (MDB 2) e Vanderley Gomes (PT).
Na época havia a chamada sublegenda e os votos dados aos candidatos dos partidos eram somados para se chegar ao vencedor. Os favoritos eram os ex-Vereadores, Severino Maroja e Reginaldo Pereira e o Presidente da Câmara Aníbal Limeira.
Reginaldo que havia sido eleito Vereador em sua única disputa na eleição de 1963, acabou ficando um pouco atrás, deixando a disputa entre Severino e Aníbal, que foi decidida nos mínimos detalhes.
Mesmo sendo um Vereador em terceiro mandato e atual Presidente da Câmara, Aníbal perdeu uma eleição que parecia certa, em uma diferença de apenas 553 votos, para Maroja que havia ficado apenas como suplente na disputa por uma das vagas na Câmara Municipal em 1976.
O pleito de 2000 teve apenas três candidaturas: Severino Maroja (MDB), Reginaldo Pereira (PFL) e Ceslau Gadelha (PPS).
Após a disputa de 1982, Reginaldo e Severino tiveram caminhos políticos opostos. Pereira tentou ser Prefeito no pleito de 88, Deputado Federal em 86 e Estadual em 90, todos sem sucesso, mas conseguindo se eleger Vereador de Santa Rita nas eleições de 1992 e 96.
Severino ficou na suplência por uma vaga na Assembleia em 1990, e não consegue eleger sua esposa Estefânia na disputa pela Prefeitura em 1992. Mas como demonstração de força, insiste no nome da esposa, que é eleita Deputada Estadual em 1994.
Ele solidifica o ritmo de vitórias, retornando a Prefeitura em 96, derrotando a esposa de Marcus Odilon e Aldo Marinho Pontes de forma categórica, o que o credenciou para a primeira disputa de reeleição na história de Santa Rita.
A eleição que tinha tudo para ser acirrada se confirma, mas Ceslau Gadelha acaba tirando votos importantes de Reginaldo, que fica com 43,75% dos votos, contra 50,97% de Maroja, que se elege Prefeito pela terceira vez.
O pleito de 2008 englobou mais uma vez três candidaturas: Marcus Odilon (MDB), Ana Cristina (PTB) e Djalma Varela (PMN).
Marcus Odilon é junto a Severino Maroja os dois maiores símbolos da política da cidade de Santa Rita. Odilon foi duas vezes Prefeito de Juarez Távora ainda nos anos 60, um tempo depois do fim do seu segundo mandato, ele concorreu pela primeira vez a Prefeitura de Santa Rita em 1976, contra o ex-Prefeito Hermano Gadelha, vencendo com uma diferença de pouco mais de 500 votos. Em 1982 foi eleito Deputado Estadual, com a segunda maior votação do estado.
Tentou a sorte na primeira eleição para a Prefeitura de João Pessoa desde a instauração da Ditadura, no ano de 1985, perdendo a disputa para o Deputado Federal Carneiro Arnaud, em 1986 disputou o Governo, como candidato a vice na chapa de Marcondes Gadelha, que saiu derrotada contra Tarcísio Burity. Após duas derrotas consecutivas, Odilon voltou a disputar a Prefeitura de Santa Rita em 1988, vencendo com uma larga vantagem sobre Oildo Soares.
Disputou uma vaga na Câmara Federal em 1994 e outra na Assembleia em 2002, sem sucesso, o que condicionou sua volta a disputa municipal em 2004, vencendo a eleição mais uma vez com uma larga vantagem, atingindo a marca de 36.165 votos (60,05%).
O seu adversário original no pleito de 2008 seria mais uma vez Reginaldo Pereira, que havia sido o segundo colocado 4 anos antes, mas a candidatura de Pereira foi impugnada e ele decidiu apoiar a estreante Ana Cristina Alexandre, que não fez feio em sua primeira eleição, mas que não conseguiu ser páreo para a força do Prefeito que se reelegeu com 50,85% contra 47,48% de Cristina.
2012 repetiu o esquema de 2008, com apenas três candidaturas: Reginaldo Pereira (PRP), Adones (MDB) e José Silva (PSOL)
Reginaldo Pereira foi um político com um objetivo claro durante toda sua trajetória: Ser Prefeito de Santa Rita. Sua primeira eleição remete a 1963, quando se tornou Vereador pela primeira vez.
Foram 4 tentativas e só não existiu uma quinta pois a sua candidatura de 2008 foi impugnada pela Justiça. Mas, dois nomes foram suas pedras no sapato, nessas disputas, Severino Maroja em 1982 e 2000 e Marcus Odilon nos pleitos de 88 e 2004.
Após o fim do segundo mandato de Odilon, o escolhido do grupo de situação foi Adones Júnior, que havia sido o segundo Vereador mais votado no pleito de 2008 e que teve como companheiro de chapa, o empresário Emerson Panta em sua primeira eleição.
A persistência de Reginaldo finalmente rendeu frutos e mesmo com a força do grupo Odilon, Pereira foi eleito ao atingir 51,52% dos votos, enquanto Adones teve 39,74%.
O pleito de 2020 teve incríveis 9 candidaturas, recorde histórico na cidade. Os nomes foram: Emerson Panta (PP), Flaviano Quinto (PSC), Major Neto (Patritoa), Doutora Joelma (Republicanos), Vanda de Olavo (DEM), Zé Paulo (PTB), Professor Valdir (PSOL), Cidadão (PCdoB) e Nicola (MDB).
A vitória de Reginaldo Pereira em 2012, ocasionou em quatro anos de rupturas políticas na cidade. O vice de Pereira, o ex-Vereador Netinho decidiu romper com Reginaldo em março de 2014, citando não ter tido nenhuma de suas propostas levadas em consideração pelo Prefeito, nos 14 meses de gestão. Logo após o rompimento, Pereira foi cassado pela Câmara Municipal em abril de 2014, acusado de contratar 20 parentes e de alugar imóveis de familiares para a Prefeitura.
Netinho assumiu o poder, mas durante todo o ano de 2014, ele e Reginaldo disputaram a gestão do município na Justiça, com a volta de Pereira ao poder no mês de dezembro, após a anulação da cassação. Em setembro de 2015, uma decisão do juiz Gustavo Procópio Bandeira de Melo, determinou um novo afastamento do Prefeito e o retorno de Netinho ao cargo.
Toda essa confusão atrapalhou o desenvolvimento de Santa Rita e fez com que Netinho decidisse por não disputar a reeleição em 2016, o que acabou abrindo espaço para a vitória acachapante de Emerson Panta, que havia sido derrotado como Vice de Adones na eleição de 2012.
Para a disputa de reeleição em 2020, o principal adversário do Prefeito, foi Flaviano Quinto, filho de Marcus Odilon e Deputado Estadual por uma legislatura. Mas o número alto de candidaturas, acabou dividindo bastante os votos, o que beneficiou Panta que foi reeleito ao atingir 49,21% dos votos, contra 20,86% de Quinto e 10,14% do Major Neto.
Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba