As eleições municipais são famosas por suas disputas acirradas e históricas que norteiam milhares de cidades do país a cada quatro anos.
Aqui na Paraíba, cada município tem sua particularidade. Existem aquelas cidades onde a população é totalmente dividida e que as eleições são decididas por uma margem mínima de votos, por outro lado vemos locais capitaneados por famílias ou grupos políticos, que conseguem ficar mais de 20 anos no poder.
Após o fim da Ditadura Militar, houve a instauração do pluripartidarismo e o retorno das eleições livres na capital, o que proporcionou uma maior liberdade e mudanças profundas na política paraibana que se intensificaram a partir de 1985.
Nessa matéria nós iremos relembrar seis das disputas mais acirradas em Cabedelo, seus atores políticos e todo o enredo de grandes embates da história na cidade portuária.
O pleito de 1988 apresentava dois representantes de famílias tradicionais da política paraibana, dois estreantes e o candidato que teve mais votos na eleição anterior, mas que não foi eleito.
A eleição englobou cinco candidaturas: Sebastião Plácido (PTRB), José de Arimatea e Silva (MDB), Argemiro Souto Maior (PDS), Argemiro Queiroz de Figueiredo (PTB) e José Germano Filho (PDT).
José de Arimatea e Silva tinha disputado sua primeira eleição em 1963, quando foi o Vereador mais votado de Cabedelo. Em 1968, Arimatea disputa a Prefeitura pela primeira vez, ficando na terceira colocação.
Após 14 anos fora da política, Arimatea volta ao cenário em 1982, disputando a Prefeitura pelo MDB. O candidato é o mais votado do pleito mas não é eleito, pois a soma dos votos dos dois candidatos do MDB é menor que a quantidade de votos dos candidatos do PDS, fazendo com que o segundo candidato com o maior número de votos fosse eleito, no caso Hugo Viana.
Com a inserção do pluripartidarismo após a Ditadura Militar e o fim de candidaturas duplas ou triplas para o mesmo pleito, o nome de Arimatea aparecia como favorito antes das eleições.
Seus principais adversários eram o ex-Vereador Argemiro Queiroz de Figueiredo, o candidato apoiado pelo Prefeito Argemiro Souto Maior e o estreante Sebastião Plácido.
Para a surpresa daqueles que indicavam a vitória de Arimatea, Plácido vence a eleição com uma vantagem de apenas de 450 votos, se tornando Prefeito de Cabedelo em sua primeira eleição.
O pleito de 1992 apresentava um estreante na política e um candidato que havia perdido as duas últimas eleições, como favoritos a vencer o pleito.
A eleição englobou quatro candidaturas: Zé Régis (PTR), José de Arimatea e Silva (MDB), Danilo Queiroz Figueiredo (PFL) e Leleu (PDT).
Três dos quatro postulantes a Prefeitura de Cabedelo, estavam em sua primeira eleição. Danilo Figueiredo, Leleu e Zé Régis, se apresentavam a população, em uma disputa contra José de Arimatea que era um dos nomes mais conhecidos da política de Cabedelo.
Quem largava na frente era Zé Régis, que tinha a seu favor o apoio do Prefeito Sebastião Plácido, enquanto Leleu tinha ao seu lado o grupo de Wilson Braga e Danilo, tinha o grupo de Efraim Morais como seus cabos eleitorais.
A força de Sebastião foi o ponto chave para a vitória de Zé Régis, que teve 4.116 votos, deixando José Arimatea na segunda colocação ao atingir 2.773 votos, em sua terceira e última tentativa de ser Prefeito de Cabedelo.
O pleito de 1996 tinha como principais nomes, um Vereador de primeiro mandato, um ex-Prefeito e um nome famoso em Cabedelo.
A eleição englobou apenas três candidaturas: Edézio Rezende (PSDB), Doutor Júnior (PT) e Sebastião Plácido (PPS).
O estreante em disputas majoritárias era Jose Ribeiro Farias Junior, mais conhecido como Doutor Júnior. Júnior é um pediatra bastante conhecido na região de João Pessoa e Cabedelo, que começou sua carreira política em 1992, se elegendo o quarto Vereador mais votado da cidade em sua primeira eleição, na época filiado ao MDB.
O médico decidiu sair candidato a Prefeito no pleito seguinte, tendo como adversários, o ex-Prefeito Sebastião Plácido e Edézio Rezende, que era o atual Vice-Prefeito.
O grupo de Sebastião havia apoiado a candidatura vitoriosa de Zé Régis e Edézio em 1992, mas após romper com o Prefeito, decidiu tentar um retorno a Prefeitura, amparado na vitória de 1988.
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A força de Sebastião não se materializou em votos e o ex-Prefeito ficou apenas na terceira colocação, com Doutor Júnior surpreendendo, perdendo a eleição para o grupo de Zé Régis e Edézio por um pouco mais de 1.400 votos, solidificando a força de Zé Régis, como principal cabo eleitoral de Cabedelo.
O pleito de 2004 colocou à prova a força do atual Prefeito, que teve como adversários, dois ex-gestores, naquela que pode ser considerada a maior disputa na história de Cabedelo.
A eleição englobou quatro candidaturas: Doutor Júnior (PT), Zé Régis (PSL), Sebastião Plácido (PTB) e Marcos Patrício (PSB).
Doutor Júnior se recuperou da derrota em 1996, vencendo o mesmo Edézio Rezende de forma categórica em 2000. O médico esperava conseguir se reeleger amparado na primeira eleição de Lula em 2002, mantendo a mesma chapa que venceu o pleito anterior.
O projeto de reeleição de Doutor Júnior encontrou um velho conhecido como primeiro oponente, Sebastião Plácido que havia sido Prefeito entre 1989 e 1992, havia disputado a mesma eleição de 96, ficando na terceira colocação e volta ao cenário político 8 anos depois, agora filiado ao PTB.
O outro ex-Prefeito que queria voltar a gerir a cidade, era Zé Régis que havia sucedido o mandato de Sebastião, governando Cabedelo entre 1993 e 1996. Antes de tentar voltar à Prefeitura, Régis tinha tentado uma vaga para a Assembleia em 2002, ficando como suplente.
Repetindo o pleito de 2000, Cabedelo não reelegeu o atual gestor, e o vencedor foi Zé Régis, que conseguiu se sobressair sobre Sebastião ao atingir 10.241 votos (39,03%) contra 8.330 votos (31,75%) de Plácido e do então Prefeito, que ficou apenas na terceira colocação.
A eleição de Cabedelo em 2008, teve como principais figuras, um Prefeito em sua segunda passagem pelo comando da cidade e um Vereador em ascensão.
A eleição englobou três candidaturas: Zé Regis (PDT), Luceninha (PRB) e Marcos Patrício (PSB).
Após retornar ao comando da cidade em grande estilo, derrotando o ex-Prefeito Sebastião Plácido e o então Prefeito Dr. Júnior, Zé Régis tinha como seu principal rival na disputa pela reeleição, José Maria de Lucena Filho, o Luceninha.
Luceninha havia sido eleito Vereador pela primeira vez em 1996, sendo reeleito em 2000 e 2004, sempre ficando entre os cinco primeiros colocados. Todos esses predicados, credenciaram o Presidente da Câmara de Vereadores como o nome da oposição em 2008.
Para surpresa de muitos, Luceninha teve um desempenho acima do esperado, ocasionando em uma das disputas mais acirradas da história de Cabedelo, que só foi decidida por um pouco mais de mil votos (1.027), com Zé Régis se reelegendo, se tornando Prefeito pela terceira vez.
Dois ex-aliados que tomaram conta da política de Cabedelo nas três eleições anteriores, proporcionaram uma das eleições mais acirradas da história da cidade.
A eleição englobou cinco candidaturas: Leto Viana (PRP), Eneide Régis (PDT), Marcos Patrício (PSOL), Ivan Da Seaport (PCdoB) e Paulo Nogueira (PTB).
Vereador por cinco mandatos consecutivos, Leto Viana sempre foi um dos parlamentares mais votados da história de Cabedelo. Ex-aliado do grupo de Zé Régis, Viana foi escolhido como candidato a Vice de Luceninha na Eleição de 2012, que venceu o candidato do Prefeito de forma categórica, com quase 75% dos votos.
Com menos de um ano de mandato, Luceninha decide renunciar ao cargo no dia 20 de novembro de 2013, alegando questões pessoais para tomar essa decisão. Quem assumiu o mandato foi Leto Viana que tomava as rédeas como cabeça de um grupo que havia sido eleito com aclamação em 2012.
A sua principal adversária na disputa pela reeleição, era uma estreante, que tinha na figura do marido, o seu cabo eleitoral. Eneide Régis nunca havia disputado uma eleição, mas era conhecida por ter sido Primeira Dama durante os três mandatos de Zé Régis como Prefeito de Cabedelo.
Essas duas forças políticas confirmaram os prognósticos e se digladiaram em uma disputa decidida nos mínimos detalhes, com Leto atingindo 15.910 votos (48,30%) contra 14.580 votos (44,29%) de Eneide.
O mandato de Leto Viana terminou de forma abrupta em 3 de abril de 2018, quando o Prefeito, seu Vice, sua esposa e mais cinco Vereadores foram presos na Operação Xeque-Mate, que apurava um suposto esquema de corrupção na Prefeitura, ocasionando no afastamento e na renúncia de Leto Viana em outubro de 2018.
Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba
