Uma prática tem ganho cada vez mais espaço nas eleições, ainda que não esteja regulamentada no código eleitoral brasileiro. Trata-se da candidatura coletiva, uma modalidade onde o mandato é exercido por um grupo de pessoas e não por apenas um indivíduo.
A proposta do mandato coletivo é que um grupo de pessoas, de mesmo nível hierárquico, assuma o mandato. Uma pessoa seria escolhida para ser o representante do mandato: seria ela quem receberia os direitos como parlamentar, a exemplo do tempo de fala, direito ao voto, recursos financeiros, discussão e participação em colégio de líderes, entre outros. Já as decisões desse grupo seriam tomadas em consenso com todos os integrantes do mandato, os chamados coparlamentares.
Em contato com a redação do Polêmica Paraíba, o advogado eleitoral Fábio Rocha esclareceu que a candidatura coletiva pode ser vista como uma forma de “compartilhamento” do mandato.
“A intenção é democratizar o poder, na medida em que a representação do poder possa ser exercida por mais candidatos, que se eleitos, eles repartiriam o poder”, explicou, se mostrando favorável à prática: “Serve de estímulo na repartição mais democrática do poder”.
Legislação
Fábio Rocha explanou também que a modalidade não tem regulamentação na legislação eleitoral brasileira, e que não há previsão para que isso ocorra.
“É uma matéria bem nova no código eleitoral. Ainda não tem normatização e sequer previsão no projeto do novo código eleitoral que está tramitando na Câmara”, disse.
Mesmo sem legislação eleitoral própria, a prática conta em seu favor com uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que trata sobre a escolha e registro de candidatos, incluindo a possibilidade de uma candidatura coletiva, publicada em dezembro do ano passado.
Coletivo Nossa Voz
E na Paraíba, pela segunda vez uma candidatura coletiva irá disputar um mandato. Trata-se do Coletivo Nossa Voz, que irá concorrer ao cargo de deputado federal pelo PT. Em 2020, disputou uma cadeira na Câmara Municipal de João Pessoa e obteve 2.583 votos, não sendo eleito.
O Polêmica Paraíba conversou também com Heloisa Oliveira, que será “a cara” da candidatura coletiva em 2022. Ela explicou que a decisão de optar por um mandato coletivo é para combater algumas candidaturas bolsonaristas postas para o cargo.
Ainda, segundo ela, mesmo que alguns parlamentares de fato representem algumas das classes de minorias, afirma não ver avanço de direitos para essas classes, o que se transforma em mais um motivo para o grupo disputar uma cadeira na Câmara Federal.
“Eles representam algumas das nossas pautas, mas ao mesmo tempo a gente não tem ampliado o poder democrático, de participação democrática na sociedade, e a gente está em busca disso”, justificou.
Sobre a estrutura do coletivo, Heloisa explicou que uma série de movimentos em favor de minorias fazem parte do grupo, e que deles, serão escolhidas mais quatro mulheres para representarem todo o grupo. A intenção do Coletivo é lanchar uma chapa com cinco coparlamentares.
“A gente tem um conselho político com muitos membros, um conjunto de movimentos que constroem esse conselho. Hoje a gente tem em torno de quarenta pessoas nesse conselho. A pretensão da gente na candidatura coletiva é de repetir a fórmula de 2020, com cinco cocandidatas […]. Nós queremos representar várias lutas mas com uma chapa de mulheres”, explicou.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba