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ELAS PODEM SURPREENDER: Conheça seis mulheres estreantes pré-candidatas a vereadora de João Pessoa para ficar de olho nas eleições

Da esq. para a dir. em cima: Cristiana Furtado, Gregória Benário e Michele Assis. Em baixo: Tassiana Farias, Walkiria Rocha e Zezé Béchade.

Como em todo pleito, as eleições para vereador em João Pessoa terão figuras novas, e em 2020 não será diferente. O Polêmica Paraíba ouviu seis pré-candidatas a vereadoras que disputarão primeira vez um cargo na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), e que por diversos motivos, sejam suas lutas sociais, suas ideologias ou sua representatividade para determinado grupo de pessoas, podem surpreender nas eleições em novembro deste ano. Confira:

 

Cristiana Furtado (Cidadania)

Cristiana Furtado é esposa do atual secretário estadual de Educação e da Ciência e Tecnologia, Cláudio Furtado. Esta será a primeira vez que Cristiana disputará um cargo eletivo.

Porém, Cristiana afirmou que já vem acompanhando a política há anos, e dessa fase de expectadora, passou a vislumbrar políticas públicas que poderiam ser implantadas “e que não são por problemas burocráticos ou de interesses de determinados candidatos”.

Desse desejo de tornar essas políticas públicas possíveis, nasceu o sentimento de contribuir com a população e com a cidade.

“Sentia a necessidade de dar minha contribuição. Tenho uma boa vontade e consigo enxergar problemas na cidade que acredito que sejam de fácil solução. É a necessidade de se tornar protagonista nesse processo”, disse Cristiana.

A pré-candidata apontou a pandemia do novo coronavírus como principal empecilho para o desenvolvimento de sua pré-campanha, não só para ela, mas principalmente para pré-candidato(as) que estão disputando pela primeira vez.

“Os iniciantes, como eu, que não tem experiências, no momento, estão em desvantagem. Mas eu acredito que é possível, mesmo observando todas as cautelas, todas as recomendações, fazer uma campanha dentro dos parâmetros permitidos no momento. É uma dificuldade, um obstáculo, mas que pode ser alcançado”, respondeu.

Cristiana contou ainda que durante esse tempo que acompanhou a política por fora, observou, como citado anteriormente, uma deficiência na aprovação de políticas públicas em busca de uma sociedade mais justa e igualitária, e que esse objetivo é seu principal diferencial se comparado aos atuais representantes na Câmara.

“Acredito que seja minha sinceridade e meu espírito aberto em ouvir as demandas, sem contar o meu sonho de construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária. Se as pessoas conseguirem captar essa sinceridade, essa boa intenção de me comprometer com as causas que estou abraçando, acredito que será uma campanha vitoriosa”, concluiu.

 

Gregória Benário (PCdoB)

Gregória Benário é presidente estadual do PCdoB, e disputará um mandato para a Câmara Municipal de João Pessoa pela primeira vez. Em 2018 ela concorreu ao cargo de deputada federal.

Em ambas as campanhas, o nome de Gregória veio de uma decisão coletiva, de integrantes do partido e de pessoas do movimento feminista, do qual ela faz parte e é ativista.

Gregória está animada com o pleito, e garante que pode fazer ainda mais do que já vem fazendo, tanto com o partido como com o movimento feminista.

“Se a gente sem mandato já consegue mostrar que o movimento social já gera esse burburinho, imagina a gente com mandato”, disse.

Perguntada como pode se sobressair contra medalhões da Câmara, ou a “oligarquia”, como definiu a pré-candidata, Gregória promete trazer uma “política nova” para a CMJP, com “novas ideias, propostas e lutas que venham travar o interesse da população”.

“O primeiro fator é contribuir de fato com um mandato popular, participativo, que o político seja de fato essa figura pública que representa a população. A proposta é de levantar bandeiras de luta na Câmara que muitas vezes estão segmentadas, propor Projetos de Lei de alto impacto, para beneficiar todo o município, e não grupos específicos. Retirar essa perspectiva oligarca da Câmara”, respondeu Gregória.

 

Michele Assis (Patriota)

Michele Assis é uma das pré-candidatas a vereadora que representará as ideologias de direita, mas que, segundo ela, será uma direita diferente, a “direita raiz”. Ela é fundadora e coordenadora do movimento Direita Paraibana, e disse à reportagem que suas ações no comando do movimento a credenciaram para poder disputar essa vaga.

Ela disse nunca ter pensado em entrar para a política, mas que esse consenso de representação, assim como a “questão moral”, pesaram para que mudasse de ideia.

“O que aproximou mais da política foi a questão moral, religiosa. Sou cristã e comecei a ver certa perseguição. Comecei a pesquisar mais, não me sentia no direito só de reclamar e não fazer nada […]. Eu via a necessidade de ter um contraponto”, respondeu Michele.

Perguntada sobre as maiores dificuldades de disputar cargos contra pré-candidatos já consolidados no imaginário da população, Michele apontou a falta de estrutura financeira para construir uma pré-campanha mais sólida como principal obstáculo.

“Falta de estrutura financeira. A gente não tem apadrinhamento político. Minhas artes e designs são de certa forma amadores”, disse. Contudo, a pré-candidata mencionou várias vezes, mesmo “sem muitas expectativas”, que tem seu público, que ao longo dos anos vem crescendo a nível local e estadual, como base nas urnas.

O principal diferencial que Michele apresenta durante a pré-campanha e caso eleita, segundo ela, é, a fiscalização.

“Fiscalizar de verdade. Se tem problemas do executivo, é por falta de fiscalização. Se acontecer de chegar lá, não vou chegar para dialogar, e sim para fiscalizar os colegas”, concluiu.

 

Tassiana Farias (PP)

Tassiana Farias também disputará o cargo de vereadora pela primeira vez. A pré-candidata do PP acredita que a postulação de Cícero Lucena (PP) à prefeitura da Capital, aliado com os vários partidos que já anunciaram apoio a Cícero, pode indiretamente ajudá-la nessa nova “missão”.

Tassiana vem fazendo ações em prol do bairro Alto do Mateus nos últimos anos, e ela alegou que essas ações a ajudaram a colocar seu nome como pré-candidata nas eleições. Segundo ela, o “reconhecimento foi crescendo”, não apenas do seu bairro, mas como de toda zona oeste da Capital.

Essa demonstração de reconhecimento também não foi só pelas ações que ela desenvolveu no bairro, mas sim também pela participação no conselho do orçamento participativo e do orçamento democrático estadual, sendo solicitada pela população a fazer parte desses conselhos.

Além de toda essa identidade com a população, Tassiana também é presidente municipal do Mulheres Progressistas, um movimento que busca fortalecer a participação das mulheres na política criado pelo partido.

Tassiana não considera os demais candidatos como adversários, e garante que o sucesso nas urnas depende, principalmente, do que cada pré-candidato fez e vem fazendo em prol da população.

“Acredito que existirão muitas surpresas, as pessoas estão olhando muito os trabalhos estão sendo feitos, as redes sociais estão muito fortes e as pessoas acompanham os trabalhos [dos pré-candidatos]. Eles sabem que tudo que a gente faz não foi uma coisa de troca, e acredito que isso vai contar muito. O trabalho que a gente já vem realizando há anos, não é de hoje, e isso pode fazer muita diferença”, afirmou Tassiana.

 

Walkiria Rocha (PSDB)

Walkiria Rocha chega para a disputa com esperanças de que pode fazer a diferença na vida das pessoas. Como as demais entrevistas, Walkiria também está disputando um cargo na Câmara pela primeira vez.

Sua disposição a se pré-candidatar é movida pelo desejo de transformar vidas, o que chamou de “parte linda da política” e ela garante que “a vontade é grande” de cumprir sua missão.

“Eu sempre gostei muito de ajudar, tenho esse chamado a fazer pelo social. É uma missão de colaborar com as pessoas que não têm a oportunidade, que não têm voz”, disse.

Mesmo inexperiente na política, Walkiria se espelha muito no legado que seu irmão construiu. Johny Rocha começou sua carreira política em João Pessoa, mas foi em Sapé onde mais se destacou. Por lá ele exerceu função de secretário municipal e era vereador e presidente da Câmara Municipal, quando morreu em um trágico acidente em setembro de 2018.

Walkiria analisa que grande parte do cenário atual da política é movido pelo “toma lá dá cá”, e ela acredita que o seu diferencial é justamente ser o contrário disso, de ser uma vereadora que possa dar possibilidades a quem mais precisa, e que essas pessoas descubram seu verdadeiro potencial.

“A vontade [de exercer o cargo] é grande, mas não no sistema assistencialista de dar. Gosto de dar possibilidade, incentivo, o primeiro emprego, estimular as pessoas”, afirmou. E Walkiria acredita que os eleitores estão criando esse olhar mais crítico contra essa política assistencialista.

“Acho que já está mudando, acho que a pandemia trouxe um novo modelo, as pessoas estão preocupadas com o amanhã, essa conscientização vai ser muito favorável. Acho que as pessoas estão querendo algo novo, alguém que olhe para o outro. Essa sensibilidade vai dar resultados nas urnas. O novo vai surpreender muita gente.”, avaliou a pré-candidata.

Perguntada ainda como se avalia em uma disputa com candidatos a reeleição e mais conhecidos da população, Walkiria afirmou não ter medo, e disse que o trabalho que cada candidato fez ou vem fazendo também irá determinar o resultado das urnas.

“Não tenho medo de reeleição. Quem teve um trabalho bacana, quem participou na sociedade, esse deve realmente ser reeleito, mas nós temos que buscar pessoas novas, ir em busca de pessoas comprometidas, ficha limpa”, respondeu Walkiria, que se colocou nesse segundo grupo de pessoas.

Ela considera o fato de ser mulher ser o maior obstáculo para uma eleição.

“É um preconceito de gênero. São quatro mulheres como vereadoras e 23 homens. Cadê essa força da mulher? A mulher precisa acreditar nela mesma. Eu acredito muito na mulher”, finalizou.

 

Zezé Béchade (PT)

Zezé Béchade é também pré-candidata a vereadora pela primeira vez. Zezé se definiu como “militante do partido” há mais de 20 anos, assim como “militante feminista e dos direitos humanos”.

Perguntada sobre qual a motivação a levou a se pré-candidatar, Zezé disse que tem a Câmara tem um perfil muito conservador, e por ela ter esse perfil progressista, chegou o momento em que acredita que pode “contribuir mais com a sociedade”.

“A Câmara Municipal tem um perfil muito conservador. A gente começa a perceber que tem esse papel a cumprir, fazer um contraponto, levar lutas sociais, política e debates mais progressistas”, respondeu.

Zezé afirmou que passou a ser cobrada, no bom sentido, a representar essas causas que defende e batalha. A decisão de se candidatar pela primeira vez foi tomada em conjunto, entre partido e o projeto do PT, Elas por Elas, que tem como objetivo inserir a mulher no debate político, eletivo e na luta pela igualdade.

“Formamos uma comissão para sondar nomes de mulheres em potencial. No levantamento colocaram o meu nome como nome potencial. A comissão conversou e definiu”, explicou Zezé.

Perguntada ainda sobre os desafios de ser mulher e estreante na disputa na CMJP deste ano diante de nomes mais conhecidos e talvez mais lembrados pela população, Zezé disse que está concorrendo para quebrar o paradigma de que a política é somente para homens.

“O papel da mulher já é difícil há séculos. A sociedade impôs um papel privado para a gente, o papel da casa, e a política reservada mais ao homem. Mas é justamente isso que a gente quer quebrar. Já existem algumas mulheres, mas a representatividade ainda é pouca”, disse.

Perguntada o que fará na Câmara, Zezé disse que as mulheres têm “um olhar mais macro da política, mais universalizado”, alegando que não vai defender apenas a luta feminista, mas sim de todas as minorias, e ela acredita que esse diferencial pode trazer a sua vitória nas urnas.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba