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EFEITOS DO 'KIT COVID': 'Brasil vem cultivando a morte', diz presidente do Einstein em alerta contra tratamento precoce

Dr. Sidney Klajner também apontou riscos de reinfecção com possibilidade de agravamento do quadro. 'Tratamento precoce' ou 'kit Covid' tem sido recomendado pelo Ministério da Saúde, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, desde meados de 2020

O presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein divulgou nesta quinta-feira (25) um pronunciamento gravado em vídeo no qual faz um apelo para que a população mantenha as recomendações cientificamente comprovadas contra a pandemia da Covid-19.

“Alguns cansaram de adotar essas medidas e jogaram a toalha. Outros, se apegaram a fake news, que disseminam tratamentos de prevenção, sendo que não há, até agora, qualquer medicamento, chá ou receita caseira que evite a contaminação pelo vírus”, disse o Dr. Sidney Klajner.

“Pra você que está me assistindo, eu faço um apelo. Não ignore as recomendações baseadas em ciência, que continuam sendo fundamentais: o isolamento social, o uso da máscara e a higiene constante das mãos”, continuou.

O “tratamento precoce” ou “Kit Covid” tem sido recomendado pelo Ministério da Saúde, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, desde meados de 2020, com o uso de medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina.

O presidente chegou a afirmar no Twitter que o “tratamento precoce” havia sido comprovado por estudos clínicos, postagem que foi marcada pela rede social com o alerta de que se tratavam de “informações sem comprovação”.

No ano passado, o Hospital Albert Einstein formou uma coalizão com outras instituições, como o HCor, o Hospital Sírio-Libanês, o Hospital Oswaldo Cruz e a Beneficência Portuguesa para a realização do maior estudo sobre hidroxicloroquina feito no país. A conclusão foi de que ela não tem eficácia no tratamento da Covid-19, e inclusive causou “efeitos adversos”, como alterações em exames de eletrocardiograma e indícios de lesão hepática.

“Precisamos voltar a preservar a vida, deixando de ser um país que, infelizmente, vem cultivando a morte. Como presidente do Einstein, uma instituição que tem como missão levar saúde à sociedade por meio de suas atividades no setor privado, mas também público, como médico, como cidadão, eu peço: cuide de si, cuide dos outros, não perca a coragem”, declarou o Dr. Sidney Klajner, em mensagem da Sociedade Albert Einstein.

Reinfecção e vacinação

O presidente da entidade também explicou que as pessoas que já tiveram Covid-19 não podem se descuidar, pois não estão imunes à reinfecção, inclusive com possibilidade de apresentar quadros clínicos mais graves.

“Mesmo aqueles que já pegaram a doença não estão protegidos. Há muitos casos, e cada vez mais casos, de reinfecção, sim. Quem já pegou pode pegar novamente, e às vezes até de modo mais grave. Além disso, pacientes que se recuperaram da doença apresentam sequelas, como alterações cardiovasculares, neuropsiquiátricas, perdas nutricionais e musculares, inclusive morte”, explicou o médico.

Em dezembro, Jair Bolsonaro disse que não tomaria a vacina contra a Covid-19, pois já teria anticorpos, após infecção pelo coronavírus.

O Dr. Sidney Klajner destacou que as vacinas são uma poderosa arma na batalha contra o coronavírus e que os efeitos dela no controle da pandemia poderão ser sentidos quando grande parte da população estiver imunizada.

“Embora o tempo de proteção e a eficácia com as novas variantes ainda estejam sendo estudados, todas as vacinas que nós temos disponíveis são seguras, liberadas pela Anvisa, e podem evitar os quadros mais graves da doença.

Muitos países inclusive já observaram, já demonstraram a redução dos casos nas faixas etárias vacinadas prioritariamente”, afirmou.

Fonte: G1
Créditos: G1