EFEITOS DA LAVA JATO NA PB: A paralisação das construções desse porte significa também grave ameaça ao emprego de milhares de trabalhadores

A paralisação ou a interrupção de construções desse porte significa também grave ameaça ao emprego de milhares de trabalhadores contratados por essas construtoras. No Canal Acauã-Araçagi, por exemplo, pelo menos 160 teriam sido demitidos no início do mês e outro contingente do mesmo tamanho ou maior estaria na iminência de também ser mandado embora. Tudo porque a Queiroz Galvão, patroa dos operários dispensados, já teria entrado pelo terceiro mês sem receber um centavo do governo federal ou do estadual, que por delegação manda na obra.

Transposição

Efeitos da Lava Jato na Paraíba
Por Rubens Nóbrega

Do Jornal da Paraíba

Envolvidas nos bilionários escândalos de corrupção na Petrobrás, algumas das maiores empreiteiras do país estão encontrando enormes dificuldades para receber pagamentos normais decorrentes dos contratos que firmaram com a União e estados. Contratos relativos a grandes obras, que podem ser abandonadas ou interrompidas a qualquer momento, apesar da imensa importância delas para o Brasil, especialmente para o Nordeste e particularmente para a nossa Paraíba. Obras como o Eixo Norte da Transposição do São Francisco, que trará as águas do Velho Chico até Cajazeiras e região e tem entre seus principais construtores a Queiroz Galvão, também parceira do consórcio responsável pelo Canal Acauã-Araçagi, o maior investimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em nosso Estado.
A paralisação ou a interrupção de construções desse porte significa também grave ameaça ao emprego de milhares de trabalhadores contratados por essas construtoras. No Canal Acauã-Araçagi, por exemplo, pelo menos 160 teriam sido demitidos no início do mês e outro contingente do mesmo tamanho ou maior estaria na iminência de também ser mandado embora. Tudo porque a Queiroz Galvão, patroa dos operários dispensados, já teria entrado pelo terceiro mês sem receber um centavo do governo federal ou do estadual, que por delegação manda na obra.
Sobre o suposto problema solicitei ontem por i-meio informações e esclarecimentos ao secretário João Azevedo, da Infraestrutura e Recursos Hídricos do Estado. Soube que ele gerencia pessoalmente e de forma abnegada a obra do canal, que se não atingiu ainda está muito perto de alcançar os 70% de conclusão de um sistema adutor que vai levar água boa e tratada por 112 quilômetros para mais de 600 mil paraibanos residentes em 38 municípios, além de irrigar cerca de 16 mil hectares. Não recebi qualquer resposta daquela autoridade até o fechamento desta coluna, às oito da noite. Fico no aguardo. Publicarei o que receber, na certeza de que o assunto interessa a todos os paraibanos, principalmente os beneficiários diretos de uma obra orçada em cerca de R$ 1 bilhão.
SÓ LEMBRANDO

A Queiroz Galvão é também uma das principais financiadoras de campanha do governador Ricardo Coutinho. Ano passado, segundo divulgou este Jornal da Paraíba em sua edição dessa terça (10), a construtora investiu R$ 951 mil na vitoriosa candidatura do PSB. Nesse particular, a empreiteira carioca só perderia para a Odebrecht, outro gigante da construção civil igualmente encalacrado na Operação Lava Jato que também participou do financiamento do projeto de reeleição socialista, ao qual doou nada menos que R$ 1 milhão.
Reconhecendo Lynaldo
O zootecnista Antônio Carlos Ferreira de Melo manifestou ontem ao colunista todo o seu contentamento por ter lido na revista Veja uma menção do colunista Cláudio Moura Castro (no artigo intitulado ‘Comitês não fazem diferença’) ao inovador e transformador reitorado de Lynaldo Cavalcanti na UFPB, entre 1976 e 79.
Professor aposentado da instituição, Antônio Carlos destaca na gestão do ex-reitor, já falecido, a formidável expansão da UFPB naquele período, quando foram criados diversos cursos de pós-graduação e instalados novos campi no interior, beneficiando cidades como Patos, Sousa e Cajazeiras, que se transformaram em centros universitários de reconhecida importância no interior do Nordeste.
“Lynaldo foi um desbravador, um pioneiro, que levou a Universidade a praticamente todas as regiões da Paraíba”, diz Antônio Carlos, reafirmando seu orgulho (no melhor dos sentidos) por ter participado como professor, no Campus de Bananeiras, “do Reitorado desse ícone da educação pública paraibana e brasileira, lembrando que ele foi ainda presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), depois de encerrar sua gestão na UFPB”.
Em favor do pedestre

Por força do Ministério Público Estadual e iniciativa do promotor de Justiça João Geraldo Barbosa, a Prefeitura da Capital deve resolver com urgência o problema de rampas para entrada ou saída de carros construídas em cima de faixas de pedestre. Titular da 2ª Promotoria do Meio Ambiente e Patrimônio Social de João Pessoa, aquela autoridade presidiu ontem audiência com representantes do Manaíra Shopping e do município “para tratar da construção de uma nova entrada de veículos em frente a uma faixa de pedestres no cruzamento da Avenida Flávio Ribeiro Coutinho com a rua Manoel Arruda Cavalcante”, de acordo com nota distribuída ontem à tarde pelo MPPB.
Atenderam à convocação do promotor o empresário Roberto Santiago, proprietário do shopping, acompanhado por seu advogado, o Doutor Pedro Pires, e Antônio Fernando Cadete, da Procuradoria Geral da Prefeitura. Ninguém da Superintendência de Mobilidade Urbana apareceu por lá. Se tivesse comparecido, teria ouvido o dono do Manaíra revelar ao Doutor João que há mais de três meses aguarda a Prefeitura se pronunciar acerca da proposta que formalizou junto ao poder público municipal: recuar faixa e canteiro central da avenida. As modificações foram pensadas para viabilizar o novo acesso ao estacionamento sem riscos para o pedestre.
Dito isso, aproveito para pedir ao promotor dar uma olhada também nas saídas de estacionamento e drive-thru das lojas MacDonald’s de João Pessoa, nas avenidas Ruy Carneiro e Epitácio Pessoa. Vai encontrar dois exemplares dessa incompreensível e inaceitável ameaça à integridade física e mobilidade do pedestre. Ambos permitem aos carros da clientela entrarem na via pelo sentido perpendicular da faixa, justamente aquele utilizado por quem vai a pé de uma calçada a outra da via.