PorCarlos Chagas
Ao lado de ter-se tornado um vazio de idéias, o Partido dos Trabalhadores dá a impressão de também constituir-se num vazio de candidatos
Apesar de natural e lógica, a candidatura presidencial do Lula para 2018, amplamente majoritária no PT, começa a despertar certas dúvidas em setores estratégicos do partido. Vontade de preservar a própria imagem, expondo-a ao futuro imponderável? Desconfiança de que após 16 anos no poder, o eleitorado optará por substituir os companheiros? Dúvidas a respeito da saúde do ex-presidente, tema que até a mídia evita desenvolver? Tanto faz a motivação, mas a verdade está em que a hipótese de o Lula ficar fora da disputa preocupa algumas cabeças pensantes do PT, fazendo emergir paliativos. Se o óbvio não puder acontecer, haverá que pensar nas alternativas. A única aceitável para as lideranças partidárias é buscar outro petista. Mas qual? Dilma, pela Constituição, situa-se à margem. Não há terceiro mandato consecutivo, se outros motivos não existissem. A sucessão de críticas à postura rígida de Aloísio Mercadante faz supor que se em despertando adversários, é sinal de que adeptos também. Outros companheiros andarão de olho na hipótese por enquanto esmaecida. Jacques Wagner sente-se desconfortável como ministro da Defesa, lugar incapaz de acrescentar-lhe prestígio partidário em tempos de paz. Tarso Genro perdeu o trem, derrotado na tentativa de reeleição. Caso consiga o impossível, realizando a reforma agrária, Patrus Ananias poderia ser considerado. Entre os governadores, só Fernando Pimentel, de Minas, mas precisando realizar performance administrativa invulgar. Marta Suplicy tentou um dia ser candidata no lugar de Dilma Rousseff, possibilidade afastada pelo Lula e agora muito mais remota em função de suas críticas ao PT, que por sinal não vai mudar nem acabar. Em suma, ao lado de ter-se tornado um vazio de idéias, o Partido dos Trabalhadores dá a impressão de também constituir-se num vazio de candidatos.Claro que à exceção do Lula, aparentemente imbatível, sujeito apenas à própria decisão e, não há como evitar a referência, à saúde. |