Um levantamento feito com base nas declarações de bens dos candidatos revela que dois em cada cinco (39%) têm o patrimônio zerado nestas eleições. Ou seja, 212.029 postulantes aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador afirmam não ter nada. Na outra ponta estão 12.977 candidatos que dizem ter mais de R$ 1 milhão em bens (apenas 2% do total).
O percentual de candidatos sem nenhum bem é superior ao do último pleito municipal. Em 2016, 36% declararam não ter nada. Já a proporção de milionários se mantém no mesmo patamar.
Os candidatos a vereador compõem o principal grupo entre os sem patrimônio: 41% do total. Esse percentual cai para 19% no caso de candidatos a vice-prefeito e para 11% no caso dos postulantes aos Executivos municipais.
Já entre os milionários essa relação se inverte. Entre os candidatos a prefeito, 18% declaram ter mais de R$ 1 milhão. A proporção cai para 10% entre os candidatos a vice e para apenas 2% entre os postulantes a uma cadeira nas Câmaras municipais.
Há ainda nesta eleição 139 candidatos que declaram um valor negativo de bens. Basta examinar a lista, porém, para ver que é possível concluir que houve erro no preenchimento.
Para o cientista político e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense Vitor Peixoto, o aumento de candidatos sem bens pode estar relacionado a um maior número de postulantes sem nenhum histórico político. “Pode ser que a gente veja um aumento do rabo das candidaturas. Tem a cabeça, que são os candidatos que vêm de reeleição, que têm mais recursos. Tem o corpo, que é normalmente constituído pelos cabos eleitorais, que têm alguma chance de entrar, ainda que pequena. E tem um contingente enorme de pessoas que não têm nenhuma chance de entrar, o rabo das candidaturas. Nesse caso, não são nem os cabos eleitorais, é só para ter o voto da família do candidato.”
Isso se explica pelo fato de partidos tentarem lançar mais candidatos neste ano em razão do fim das coligações para vereador e por causa do maior rigor da cláusula de barreira para as eleições de 2022.
Sobre o fato de haver muito mais milionários concorrendo às prefeituras, Peixoto diz que esse é “um dos efeitos colaterais da retirada do financiamento por empresas”. “Isso atrai candidatos com capacidade de se autofinanciar. Quanto mais importante o cargo, mais concentrado.”
Partidos
Entre os partidos, o Novo é o que detém o maior percentual de milionários. São 132 candidatos de um total de 630 lançados (21%). O partido também é o que tem menos candidatos sem bens: 93 (ou 15%).
Os 5 partidos com mais milionários
PARTIDO | CANDIDATOS MILIONÁRIOS | % |
NOVO | 132 | 21,3 |
MDB | 1.456 | 3,3 |
PSDB | 996 | 3,1 |
PRTB | 225 | 2,9 |
PP | 1.083 | 2,9 |
Já com o PCO, é o contrário. O partido tem a maior proporção de postulantes sem patrimônio algum: 64 de seus 88 (ou 73%). É também o único de todos os 33 partidos que disputam a eleição que não tem nenhum candidato com mais de R$ 1 milhão em bens.
Os 5 partidos com mais candidatos sem bens proporcionalmente
PARTIDO | CANDIDATOS SEM BENS | % |
PCO | 64 | 72,7 |
PMB | 1.609 | 59,6 |
PMN | 2.678 | 54,4 |
PTC | 3.454 | 52,3 |
UP | 66 | 49,6 |
Capitais
Nas capitais, os candidatos às prefeituras declaram um patrimônio que varia de zero a R$ 25 milhões. Dos 317 candidatos concorrentes, 95 (ou 30%) são milionários e 30 (ou 9%) declaram não possuir bem algum.
Fonte: G1
Créditos: G1