O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa em Brasília
Mais rouco que o normal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos principais articuladores para barrar o impeachment de Dilma Rousseff, afirmou neste sábado (16) que é preciso “conversar 24 horas” com os políticos na tentativa de conseguir apoio ao governo na votação deste domingo (17). Lula participou de evento contra o impeachment organizado por movimentos sociais e sindicais no estacionamento do ginásio Nilson Nelson, em Brasília. A presidente era esperada no evento, mas cancelou de última hora sua participação, priorizando a articulação com parlamentares.
“Ainda tenho três governadores para conversar. É uma guerra de sobe e desce, parece a bolsa de valores. Tem hora que o cara está com a gente, tem hora que não está mais. E você tem que conversar 24 horas por dia”, afirmou Lula, em discurso que durou pouco menos de dez minutos.
Lula fez a afirmação ao justificar porque não poderia permanecer por mais tempo no evento. Com a voz mais rouca que o de costume, o ex-presidente fez uma fala rápida, na qual defendeu as manifestações contra o impeachment e voltou a classificar o processo de afastamento da presidente como um “golpe”, reforçando que disputou três eleições antes de conquistar a Presidência.
“Se Temer quer ser candidato não tente através de um golpe. Olha, ele espere chegar 2018. O PMDB é um partido grande, ele se candidata e vamos para as urnas, vamos debater, convencer o povo quem é que pode ser melhor para esse país”, afirmou Lula.
“Me parece que a elite brasileira não gosta muito de democracia”, disse Lula. “Nossa luta é pela democracia, é pelo respeito à democracia, ao estado de direto. E é por isso que precisamos conversar com os deputados, tentar convencê-los que não podemos habituar esse país a viver de golpe em golpe”, disse o ex-presidente.
Pedido e renúncia
Lula afirmou ainda que a “elite brasileira” não gosta muito de democracia e citou ex-presidentes. Insinuou ainda que uma renúncia da presidente está descartada.
“Esse é o mais longo período de democracia da história do Brasil. Mas me parece que a elite brasileira não gosta muito de democracia. Porque Getúlio Vargas governou com mão de ferro por 15 anos. Bastou ele governar por quatro anos democraticamente que fizeram ele se matar. Ele não suportou e se matou. O João Goulart era presidente de fato e de direito quando Jânio Quadros renunciou. Emplacaram o parlamentarismo para o Tancredo [Neves] ser o primeiro-ministro para o João Goulart voltar. Fizeram tanto até o João Goulart renunciar. Primeiro, nós não vamos nos matar. Nós gostamos da vida. E nós não vamos nos exilar, vamos mudar esse país.”
Fonte: UOL, em Brasília
Créditos: Felipe Amorim