Em áudio divulgado no domingo (8/10) pela revista Veja, o diretor da J&F Ricardo Saud fala a Frederico Pacheco, primo do senador afastado Aécio Neves, a respeito das preocupações do grupo empresarial com os pagamentos de caixa dois ao marqueteiro Paulo Vasconcelos, responsável pela campanha do tucano à presidência da República em 2014.
Saud demonstra preocupação com o fato de que a JBS teria pago R$ 12,3 milhões a Vasconcelos, mesmo sem o marqueteiro ter prestado nenhum serviço. “O Paulo Vasconcelos vai sair chamuscado, você sabe, né? Eu paguei R$ 12,3 milhões para ele de nota. Eu não tenho nenhum serviço desse cara. Não tem nada, zero”, diz o executivo ao primo de Aécio. Um dos coordenadores de campanha do tucano, Pacheco responde: “Isso é grave. Tem que resolver”.
O diretor da J&F, então, sugere uma forma de esquentar as notas: simular serviços à JBS. “Se ele quiser, eu dou pronto pra ele um vídeo ou um catálogo, produção interna nossa, e ele assina, faz de conta que ele fez”, diz o executivo. “Pode deixar”, responde Pacheco.
Em outro áudio, Saud fala a Paulo Vasconcelos que os dois precisam inventar serviços para justificar o pagamento. “Vão falar que era caixa dois. Precisamos achar o produto”, afirma Saud.
Vasconcelos responde que, do total, só recebeu R$ 2,5 milhões. O dinheiro, segundo ele, seria o pagamento de análises de pesquisas e do cenário eleitoral feitas para Joesley Batista durante a campanha de 2014.
Saud pondera que os investigadores não acreditarão que o marqueteiro de Aécio Neves, em plena disputa ao Planalto, trabalhou como consultor. “Como é que uns homens desses (a cúpula da J&F), que sabem mais do que todo mundo, estão fazendo pesquisa, diagnóstico?”, pergunta Saud, em tom de ironia. “Então, me ajude a te ajudar”, afirma Vasconcelos.
Em nota à Veja, a assessoria de imprensa da PVR, empresa de Paulo Vasconcelos, afirma que “jamais arrecadou nem recebeu dinheiro de caixa dois. Tampouco recebeu recursos da J&F sem prestar serviços”.
“Conforme afirmado pelo próprio Ricardo Saud em delação homologada pela Justiça, a única relação entre Vasconcelos e a J&F foi um contrato de R$ 2,5 milhões para prestação de serviços para o grupo. Todos esses serviços estão devidamente documentados e serão comprovados”, diz a nota. “Auditoria da Receita Federal em curso também comprovará que jamais houve tal contrato de R$ 12 milhões”, finaliza o texto.
Fonte: Metrópoles