Em relação aos pedidos pelo impeachment dela, Dilma disse que as pessoas têm de aceitar que as eleições acabaram
A presidente Dilma Rousseff afirmou na tarde desta segunda-feira (09/03), no Palácio do Planalto, que as pessoas tem o direito de se manifestar no país, mas que um terceiro turno das eleições pode provocar a “ruptura democrática”. Ontem, o pronunciamento da presidente em cadeia nacional de rádio e televisão veio acompanhado de protestos por parte da população, com “panelaços”, vaias e “buzinaços”.
“Garantir o direito de manifestação é algo absolutamente, eu diria, valorizado por todos nós que chegamos à democracia e temos de conviver com as diferenças. O que nós não podemos aceitar é a violência, qualquer forma de violência não podemos aceitar, mas manifestação pacífica, elas são da regra democrática”, afirmou a presidente.
Em relação aos pedidos pelo impeachment dela, Dilma disse que as pessoas têm de aceitar que as eleições acabaram. “Eu acho que há que caracterizar razões para o impeachment e não (pode ter) um terceiro turno das eleições. No Brasil, a gente tem que aceitar a regra do jogo democrático. A eleição acabou, houve primeiro e segundo turno. Terceiro turno das eleições para qualquer cidadão brasileiro não pode ocorrer a não ser que se queira uma ruptura democrática”, argumentou.
Há diversas manifestações pedindo o impeachment da presidente marcadas para o próximo dia 15. A presidente, entretanto, disse acreditar que os brasileiros não defendem a “ruptura” da democracia.
Em relação às medidas de ajuste fiscal, defendidas por ela no pronunciamento de ontem, a presidente disse que foi à tevê para mostrar que o país precisa de estabilidade para passar “por uma fase aprofundada da crise econômica”. Ela afirmou que o país vai ultrapassar a crise e que, no fim do ano, o Brasil já deve ver um “certo” crescimento.
“Não acredito que os brasileiros são do time do ‘quanto pior, melhor’. Os que são a favor do ‘quanto pior, melhor’ não tem compromisso com o país. Eu, na televisão, queria deixar claro que o Brasil não esta vivendo hoje um momento do passado, em que ele quebrava. Ele esta passando por um ajuste, é um ajuste momentâneo em direção à retomada do crescimento econômico”.
A presidente ainda confirmou um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela vai amanhã a São Paulo e disse que, se não encontrá-lo lá, ele deve vir a Brasília. “Nós ainda não combinamos. O presidente Lula é uma liderança. A presença dele sempre contribui porque ele tem noção de estabilidade e tem compromisso com o país.”
Lei do Feminicídio
Dilma sancionou na tarde desta segunda-feira (09/03) a Lei do Feminicídio. A lei sancionada por Dilma tipifica o feminicídio como crime hediondo e o torna um homicídio qualificado. A classificação aumenta as penas pelas quais os acusados de crime por motivo de gênero, que pode variar de 12 a 30 anos, e impede a liberação após pagamento de fiança. O feminicídio se caracteriza por crimes cometidos no ambiente doméstico e que tem o componente gênero como motivação. Antes de começar a cerimônia, Dilma foi saudada por um grupo de camponesas que gritaram gritos de apoio a ela.