Dilma: 'Ao contrário do mundo medieval, ônus da prova é de quem acusa'

Presidente disse ter ficado “estarrecida” com relatório do FMI

dilma_reutersQuestionada sobre a investigação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Lava-Jato, a presidente Dilma Rousseff afirmou, nesta quarta-feira, que, ao contrário do mundo medieval, o ônus da prova, atualmente, é de quem acusa.

— Quem prova, acho que foi a partir da Revolução Francesa, se não me engano foi com Napoleão, quem prova a culpabilidade, ao contrário do mundo medieval, o ônus da prova é de quem acusa, daí por isso o inquérito, toda a investigação. Antes você provava assim: eu dizia que você era culpado e você lutava comigo. Se você perdesse, você era culpado. Houve um grande avanço no mundo civilizado, a partir de todas as lutas democráticas — disse a presidente, em entrevista, ao deixar a Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

Dilma ficou irritada ao ser questionada sobre a avaliação de que a 22ª fase da Lava-Jato, realizada nesta quarta-feira, se aproxima do ex-presidente Lula.

— Se levantam acusações, insinuações e não me diz como, porquê, quando, onde e a troco do que. Se alguém falasse a respeito de qualquer um de nós aqui, que a nova fase da Lava-Jato levanta suspeita sobre você, e você não soubesse do que é a suspeita, qual é a suspeita e de onde é a suspeita, você não acharia extremamente incorreto do ponto de vista do respeito?

Indagada ainda se a Lava-Jato afeta a economia, ela respondeu:

— O FMI (Fundo Monetário Internacional) acha.

Na semana passada, a presidente disse ter ficado “estarrecida” com relatório do FMI que piorou a perspectiva de queda da economia brasileira em 2016 e apontou, entre os motivos, a continuidade das investigações da Lava-Jato.

O Globo