Derrotado na noite de domingo (6), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tem dito a aliados que não vai recorrer da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de não permitir que ele dispute a reeleição ao cargo.
O senador, que também preside o Congresso Nacional disse a aliados, segundo relato feito à Folha, que ficou bastante incomodado com a postura do Palácio do Planalto no decorrer do processo.
Segundo uma pessoa com acesso a Alcolumbre, ele tem conversado por telefone com senadores e advogados desde a noite de domingo (6), quando foi concluído o julgamento. Ele estava em Macapá, engajado na candidatura do irmão, Josiel (DEM), à prefeitura da capital do Amapá. Na tarde desta segunda-feira (7), embarcou para Brasília para reunir-se com aliados na residência oficial da presidência do Senado.
Aos que o indagam sobre a possibilidade de ingressar com um recurso no STF, Alcolumbre responde que não vai trabalhar para reverter a decisão porque, como presidente do Congresso, precisa respeitar o Judiciário.
Mas, por outro lado, ele não esconde sua decepção com o Planalto e reclamou da notícia de que o governo comemorou o resultado do julgamento. Alinhado ao Executivo, o senador se viu abandonado em virtude da operação para barrar a reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), desafeto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Assim, Alcolumbre tem dado o recado de que trabalhará na construção de um candidato alinhado a ele, não ao Planalto.
Alheio a esta insatisfação, Bolsonaro quer conversar com o senador até quarta-feira (9) para buscar respaldo a um nome do MDB apoiado pelo governo.
Segundo assessores palacianos, antes mesmo de o julgamento definir que a recondução do senador é inconstitucional, o presidente já avaliava uma espécie de Plano B para a disputa legislativa no caso de uma derrota de Alcolumbre no Judiciário.
Nas conversas reservadas, Bolsonaro indicou simpatia por eventuais candidaturas de dois senadores do MDB: Fernando Bezerra (PE) e Eduardo Gomes (TO). O primeiro é líder do governo no Senado e o segundo, do Congresso. Ambos relataram a interlocutores terem interesse em ocupar o comando da Casa.
Senadores, no entanto, apontam resistência de parte da Casa a nomes que tiverem o carimbo do governo.
O presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira (PI), telefonou para o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), propondo um acordo: o PP apoiaria o MDB na disputa pelo Senado se, em troca, o MDB apoiasse a candidatura do deputado Arthur Lira (PP-AL) na Câmara. De acordo com relato feito à Folha, Baleia não se comprometeu.
Já o presidente do DEM, ACM Neto, prefeito de Salvador, entrou em contato com Rodrigo Maia pedindo que o deputado viabilizasse um nome de correligionário para sucedê-lo. A aliados pré-candidatos, porém, Maia afirmou que manteria o acordo de apoiar um deles, não forçando um nome de sua própria legenda.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: FOLHA SP