Deputados se revezam na defesa e na acusação do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que depõe neste momento no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Cunha enfrenta processo por quebra de decoro parlamentar por supostamente ter mentido sobre a propriedade de contas no exterior.
Após o presidente afastado ter negado ser titular de conta no exterior, mas admitir ser beneficiário de truste, o deputado Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS) questionou o fato de Cunha não ter nenhuma curiosidade em relação ao negócio. Por outro lado, Marchezan apontou que Cunha seria o criador, o beneficiário e até mesmo o administrador do truste.
“Tudo leva a crer que o truste é uma simulação para esconder recursos de origem não lícita. Não há transparência. Vossa excelência traz argumentos e documentos, mas não consegue esclarecer depósitos lá de uma bagatela de R$ 5 milhões”, afirmou Marchezan.
O parlamentar aconselhou Cunha a renunciar ao mandato. Apesar de ter criticado a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de afastar Cunha do exercício do mandato, no início de maio, Marchezan Junior acredita que, caso Cunha não renuncie, o STF poderá decidir por sua prisão.
Defesa
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), por sua vez, saiu em defesa de Cunha. Além de criticar o relator do caso no Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que não teria arrolado nenhuma testemunha na acusação, Marun lamentou a decisão do STF de afastar o presidente e a reação dos parlamentares. “A Casa se tornar silente em relação ao afastamento do mandato de forma liminar é um absurdo”, disse. “Foi um abuso de poder do Supremo em relação aos trabalhos desta Casa. Esta é a verdade. Houve uma evidente intromissão nos assuntos da Casa”, acrescentou.
Marun afirmou que o Conselho de Ética, ao analisar o processo contra Cunha, deve se ater às questões referentes ao mandato parlamentar iniciado em 2015; “Qualquer menção a vantagem indevida é uma prerrogativa do Supremo, onde a defesa e a acusação terão o tempo necessário para esgrimir os seus argumentos.”
Segundo ele, é necessário haver a “defesa absoluta, intransigente e inarredável do devido processo legal” durante a análise do processo no colegiado.
Renúncia
O deputado Nelson Marchezan Jr. (PSDB-RS) defendeu a renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) durante sessão desta quinta (19) do Conselho de Ética que ouviu depoimento do presidente afastado da Câmara.
O G1 destaca que Marchezan Jr. mencionou o poder que o peemedebista tem sobre outros parlamentares e disse que, mesmo afastado, se ele continuasse a exercer essa influência, o Supremo Tribunal Federal (STF) poderia pedir a sua prisão.
O deputado pediu a renúncia de Cunha e alegou que o deputado faz “um mal” à Casa, ao governo e ao país.
“A permanecer na presidência, mesmo que suspenso, está fazendo um mal a esta Casa, está fazendo um mal ao governo, está fazendo um mal à nação brasileira”, ressaltou Marchezan.
“Seria oportuno que vossa excelência renunciasse até porque, se continuar a exercer influências e com o seu poder sobre o seu grupo parlamentar nessa Casa, vai chegar o momento em que o STF vai entender pela sua prisão. Então, pelo bem de todos, renuncie à presidência da Câmara dos Deputados”, disse o deputado.
Fonte: G1
Créditos: Notícias ao Minuto