DEBANDADA

Depois do PMDB, mais 9 partidos ameaçam deixar o governo Dilma

dilma cabeça baixa

Algumas legendas já liberaram as bancadas para votar como quiserem no impeachment de Dilma

Na matemática política para se ver livre do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, a presidente Dilma Rousseff (PT) pode perder até 240 votos. Se o PMDB do vice-presidente Michel Temer e o PRB já oficializaram o rompimento com o Palácio do Planalto, a mesma postura pode ser adotada por outros nove partidos que até então integravam a base aliada. O PSD e o PEN aprovaram a postura de independência e liberaram seus parlamentares para votar como quiserem no impeachment da petista.

O PSD está no governo com a indicação do ministro Gilberto Kassab (Cidades) e pelo menos 21 dos 31 deputados da bancada já anunciaram o voto pela abertura do processo contra Dilma. Em encontro no início da tarde dessa terça-feira, o PTN optou por também se manter neutro em relação ao governo. No próximo dia 11, um encontro da executiva vai definir como a bancada votará no processo que poderá levar à perda do mandato de Dilma.

“Temos dois membros na comissão do impeachment e eles nos trarão questões técnicas para definirmos como a bancada vai votar”, afirmou o deputado Ademir Camilo (MG). De acordo com ele, no entanto, é crescente a posição dos parlamentares de que a questão deverá ser resolvida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde tramitam quatro ações contra a chapa Dilma e Michel Temer por supostas irregularidades cometidas na disputa de 2014. Se condenados, ambos perdem o mandato e será necessária a realização de outra eleição.

A direção nacional do PP contabiliza que pelo menos 15 dos 49 deputados federais tendem a votar pelo impedimento da presidente. De qualquer forma, a decisão sobre o desembarque ou não do Planalto será tomada em convenção nacional da legenda, ainda sem data marcada. Mas a tendência da direção nacional é liberar a bancada para que deputados votem como quiserem em relação ao impeachment. O PP comanda hoje o Ministério da Integração Nacional, com Gilberto Occhi.

• PMDB / 68 deputados
Rompeu ontem com o governo e deve votar em peso pelo impeachment.

• PP/ 49 deputados
Convenção nacional do partido será antecipada para discutir uma possível saída do governo. Ainda não tem data marcada. Tendência é de liberar a bancada para que deputados votem como quiserem em relação ao impeachment.

• PR /40 deputados
Reunião entre os deputados seria realizada na noite dessa ontem para definir posição em relação ao governo e ao impeachment. Deve seguir o mesmo caminho do PP

• PSD / 31 deputados
Parlamentares estão liberados para votar como quiserem no impeachment.

• PRB/ 22 deputados
Rompeu com o governo no último dia 16.

• PTB/ 19 deputados
Só deve tomar qualquer decisão sobre permanência no governo depois que o deputado Jovair Arantes (GO) apresentar seu relatório na comissão do impeachment.

• PTN / 13 deputados
Em reunião na tarde de ontem, ficou acertado que os parlamentares adotarão a postura de independência. Em encontro marcado para 11 de abril, será definido como votarão no impeachment.

• PSL/ 2 deputados
Indefinidos

• PEN/ 2 deputados
Indefinidos

Relatório será decisivo

O PTB já adota uma postura independente na Câmara dos Deputados, mas ainda haverá um encontro da bancada para discutir um eventual anúncio de rompimento com o governo. Embora a maioria dos 19 deputados seja a favor do impedimento de Dilma Rousseff, a tendência é que qualquer decisão seja tomada apenas depois que o deputado Jovair Arantes (GO) apresentar seu relatório na comissão do impeachment. A legenda quer evitar suspeitas sobre o trabalho do relator, que é aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O PTB está à frente do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, com Armando Monteiro. Nos bastidores, a expectativa é que ele seja mantido no cargo mesmo que o PTB rompa com o governo.

Os deputados do PR teriam um encontro na noite de ontem para definir posição em relação ao governo e ao impeachment. Mais da metade dos 40 deputados do PR defendem o impeachment, mesmo com o partido ocupando o Ministério dos Transportes com a indicação de Antonio Carlos Rodrigues. O ministro já afirmou que, se depender dele, o PR continua na base aliada, até porque não seria correto “abandoná-lo”, já que a legenda tem vários cargos no governo. Mas a expectativa é que o partido siga o mesmo caminho do PP e PSD, liberando seus 40 parlamentares para votar do jeito que quiserem.

Fonte: Estado de Minas
Créditos: Estado de Minas