Demissão de Marta Suplicy precipita saída de ministros do governo Dilma

A assessoria da Casa Civil telefonou para os chefes dos ministérios pedindo que entreguem seus cargos

marta suplicy

A saída de Marta Suplicy do Ministério da Cultura precipitou em uma semana o processo de saída coletiva dos ministros do governo Dilma Rousseff.

A pedido da Presidência, a exoneração coletiva dos ministros estava prevista para a terça-feira que vem (18), quando eles entregariam seus pedidos de demissão. A intenção de Dilma é ter liberdade para o redesenho da Esplanada.

Hoje, no entanto, a assessoria da Casa Civil telefonou para os chefes dos ministérios pedindo que entreguem seus cargos já. Essa é uma tentativa de neutralizar o impacto da renúncia da ministra da Cultura, que enviou uma ríspida carta de demissão para a presidente, que está no exterior.

Dilma foi pega de surpresa. A presidente e seus assessores desembarcaram em Doha, no Qatar, por volta de 16h (11h, horário de Brasilia), pouco depois de Marta oficializar em Brasília sua saída.

O Qatar foi a parada escolhida para a presidente dormir antes de seguir, nesta quarta-feira (12), para o encontro do G20 (grupo das maiores economias do mundo) na Austrália.

Membros de sua comitiva em Doha relataram à Folha que só souberam da carta de demissão de Marta quando desembarcaram.

Não se sabe se Marta ao menos telefonou para Dilma, de maneira privada, durante o voo. No entanto, assessores lembram que a presidente estava em Brasília até esta segunda (10), quando a carta de demissão poderia ter sido entregue pessoalmente –como costuma ser a praxe neste tipo de caso.

A Em nota, a assessoria da Casa Civil afirma que o pedido para que os ministros entreguem seus cargos não é uma resposta à saída de Marta. “O ministro Aloizio Mercadante sugeriu aos demais ministros, desde a semana passada, que, a título de cortesia e de forma opcional, todos coloquem os respectivos cargos à disposição da presidenta Dilma Rousseff. O prazo de 18 de novembro, mencionado, é uma referência ao retorno da presidenta de reunião do G20”

ECONOMIA

No pedido de demissão, Marta afirmou que espera que a presidente escolha uma equipe econômica independente e experiente para resgatar a credibilidade do governo e garantir o crescimento do país.

“Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país”, afirmou a ministra em sua carta de demissão, encaminhada nesta terça ao Palácio do Planalto.

Marta divulgou a carta em sua conta no Facebook.

A presidente só deve começar a definir os nomes de sua futura equipe na próxima semana. A definição mais esperada é o nome do substituto de Guido Mantega no comando do Ministério da Fazenda. A escolha pode sinalizar mudanças na condução da política econômica.

Entre os cotados para assumir a pasta estão o ex-presidente do Banco Central no governo Lula, Henrique Meirelles, e o ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa. Dilma tem sido orientada a escolher de forma rápida, ainda em novembro, um nome com boa interlocução com a iniciativa privada para atenuar as resistências do setor.

Dilma prometeu divulgar o nome do futuro ministro da Fazenda depois que voltar da reunião do G20.

Uol