Política

Delcídio do Amaral pedirá quebra de sigilo telefônico de filho de Cerveró

Delcídio do Amaral pedirá quebra de sigilo telefônico de filho de Cerveró

Os representantes do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) vão pedir a quebra do sigilo telefônico do filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Bernardo, responsável pela gravação conversa que levou o parlamentar para a cadeia, em novembro.

De acordo com Antônio Figueiredo Basto, advogado do senador, a solicitação vai integrar a defesa do petista, que deverá ser entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal) até a próxima segunda-feira.

O acesso à lista de pessoas com quem Bernardo trocou telefonemas revelará se o filho de Cerveró manteve contato com os procuradores da Operação Lava Jato antes de Delcídio ser detido.

“Podemos e vamos pedir essa quebra. Quero saber como e quem industriou o Bernardo. Só o Supremo poderia autorizar [a gravação da reunião com Delcídio]”, afirmou Figueiredo Basto.

No áudio captado por Bernardo, o senador e ex-líder do governo indicou que teria condições de influir sobre ministros do STF para garantir a liberdade de Cerveró e chegou a tratar de uma eventual rota de fuga do ex-
diretor, caso a Justiça não o libertasse.

Ainda segundo o advogado, a defesa argumentará que a prisão deu-se por “meio enganoso de prova”.

“Isso ocorre quando infiltram uma pessoa para te provocar e gravar o que você diz, atacando o direito ao silêncio. O áudio foi feito sem autorização judicial e por uma pessoa que sequer é parte no processo, o Bernardo”, adiantou Figueiredo Basto.

No mesmo documento, os representantes do parlamentar vão pedir que a ação penal não seja aceita, além de pleitearem a revogação da prisão de Delcídio, que dura dois meses. “Minha intenção é anular a prova”, adiantou o advogado.

CONTRA-ATAQUE

Embora não descarte firmar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, o petista deu aval para que seus advogados apresentem a defesa ao STF.

Ele está preso no Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, em Brasília, desde 18 de dezembro.

Nesse período, além dos salários, o Senado pagou o auxílio-moradia para o senador preso.

Reservadamente, o ex-líder do governo tem reafirmado a pessoas próximas sua mágoa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o presidente do PT, Rui Falcão.

Delcídio sentiu-se abandonado pelos correligionários no momento em que mais precisava de apoio, segundo sua própria avaliação.

Interlocutores do parlamentar afirmam que, caso ele deixe a cadeia e retome o mandato, vai disparar seus contra-ataques em discursos da tribuna do Senado.

Em dezembro do ano passado, o relator dos processos relacionados à Lava Jato que tramitam no STF, ministro Teori Zavascki negou o primeiro pedido de revogação da prisão impetrado pela defesa de Delcídio.

OUTRO LADO

Procurado pela Folha, o advogado Breno Brandão, que representa Nestor e Bernardo Cerveró, disse que não iria se pronunciar sobre os argumentos que serão usados pela defesa do parlamentar.

Folha