Um canetaço de Eduardo Cunha acabou com a Comissão de Reforma Política da Câmara.
Cunha quer a “sua” reforma, com a eleição apenas dos individualmente mais votados – em geral por dinheiro, negócios ou fama -, num sistema que, como mostra hoje a Folha, deixaria sem representação no congresso dois terços do eleitorado nos três maiores estados da Federação (Rio, SP e Minas) e, de quebra, quase anularia a presença de partidos médios no Congresso.
Aliás, na prática, acaba com a representação política via partidos: o deputado é o único “dono” dos votos.
Cunha vai votar “na marra” o seu sistema político.
Dificilmente terá sucesso e pode deflagar o início do fim de seu poder na Câmara dos Deputados.
Pode ou não, porque está formado em torno de Cunha um agrupamento político da mais baixa extração e não é pequeno.
Mas é improvável que se consiga a maioria qualificada para fazer estas mutilações á Constituição.
O essencial para Cunha, porém, não é isso.
É garantir o financiamento privado – o dinheiro de empresas – na campanha elevado à condição de dispositivo constitucional para quem, enfim, Gilmar Mendes possa levantar-se de cima do processo onde o STF já o julgou ilegal e tudo continue como está.
Se conseguir isso estrá satisfeito, mesmo que tenha de ser derrotado em plenário no tal “distritão”.
Vai, com ar “democrático”, dizer que é a vontade da maioria.
Mas a vontade da maioria, mesmo, é continuar com um sistema eleitoral na base do “me dá que eu te devolvo”.