O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fez neste domingo (19) duras críticas ao governo petista. Em debate sobre as saídas para a crise brasileira, no 14º Fórum de Comandatuba, Cunha disse:
“Nunca houve um processo de coalização no governo petista. Sempre houve processo de submissão: ou você concordava em estar submisso ou não era aliado.”
Ao falar dos problemas com a coalização no governo petista, o presidente da Câmara dos Deputados disse também que há uma crise no presidencialismo brasileiro. “Se fosse o parlamentarismo, seriam outras soluções com mais facilidade, mas o momento é outro”, frisou, sem entrar em detalhes. Ele falava indiretamente sobre a tese de alguns analistas de que a crise do governo Dilma está resultando, na prática, em uma espécie de parlamentarismo, com o fortalecimento dos presidentes da Câmara e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que estão ditando a pauta no País.
No seu pronunciamento, Cunha disse que não entende a razão de todo o embate em torno do projeto que regulamenta a terceirização no mercado de trabalho. E citou que há uma resolução do TST sobre o tema e uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que irá derrubar, por seis votos a zero, essa resolução do TST porque ela é muito precária.
“Estamos dando as garantias ao trabalhador, todos os direitos”, emendou, citando que infelizmente uma parte da sociedade – que seriam as centrais sindicais – quer utilizar o tema como bandeira política. Cunha reiterou que na quarta-feira o projeto será votado.
Hegemonia eleitoral
O presidente da Câmara disse que o País saiu do recente processo eleitoral de uma maneira diferente. “É a quarta eleição sobre a égide do PT. A hegemonia eleitoral acaba dando condição para a hegemonia política. Mas, na última eleição, teve vitória eleitoral, mas por si só isso não dá hegemonia política”, disse, destacando que os atos na sequência à eleição de Dilma aprofundaram a divisão que desaguaram na atual crise política, vivida junto com a necessidade de um pacote fiscal. E lembrou: “No segundo mandato a cobrança é maior.”
A exemplo do que afirmou mais cedo em Comandatuba o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Cunha disse que faltou comunicação do atual governo com relação à necessidade do ajuste fiscal. “Uma boa explicação pode gerar menos contestação da sociedade”, opinou.
Cunha falou, ainda, que o orçamento impositivo liberou os parlamentares das “migalhas orçamentárias”. “Acabou a dependência de emendas que contaminaram uma parte (do parlamento). Diria que esse expediente é precursor da reforma política.” E voltou a dizer que dará prioridade a essa reforma, com uma semana de esforço concentrado previsto para o final de maio.