O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) anunciou que vai disputar com o ex-ministroCiro Gomes a indicação de seu partido para a sucessão da presidenta Dilma Rousseff. A informação foi dada ao site Congresso em Foco (aqui), durante entrevista concedida na sexta-feira (13). Cristovam se define como um político de esquerda insatisfeito com o “estado de coisas” do país
A cerca de três anos do pleito, o senador já está em ritmo de pré-campanha pelo país. Visitou diversas capitais do país nos últimos meses fazendo discursos e debates com pedetistas. No último fim de semana, teria percorrido mais de mil quilômetros em seis cidades do Rio Grande do Sul, onde tem apoio do PDT local.
Contrário à filiação dos irmãos Ciro e Cid Gomes, o senador brasiliense diz já estar preparado para o estilo explosivo de ambos – para exemplificar, nas respectivas solenidades de filiação, Cid chamou o vice-presidente da República, Michel Temer, de “chefe de quadrilha”, enquanto Ciro classificou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de “maior vagabundo de todos”. Mas o senador deve se preocupar especialmente com Ciro, com quem terá de disputar a preferência do PDT.
Para Cristovam, a filiação dos irmãos Gomes ao PDT é uma prova da “submissão” de Lupi ao ex-presidente Lula e uma maneira de promover a reaproximação entre a sigla, uma das rebeldes da base aliado, e o PT. Questionado sobre como lidará com o gênio do ex-ministro da Integração Nacional no governo Lula, o senador foi fiel ao próprio estilo:
“Eu preferia que você perguntasse a ele como é que, com o espírito aguerrido dele, vai enfrentar um diplomático. Eu não vou mudar meu estilo. Não consigo, aliás, mudar meu estilo. E não vejo por que mudar. Eu vou continuar nesse estilo de composição, de compromisso, de diálogo. E falando manso, como dizem”, declarou.
Cortejado por partidos como PPS, que lhe ofereceu legenda para disputar o cargo que pretender (Cristovam é recorrentemente cogitado para o Governo do Distrito Federal), e a Rede Sustentabilidade, o senador faz da federalização da educação e do trabalhismo suas principais bandeiras na corrida presidencial.
Ex-governador do Distrito Federal pelo PT entre 1995 e 1999, quando criou o Bolsa-Escola, Cristovam diz que a presidenta Dilma Rousseff repete o mesmo erro do ex-presidente Fernando Collor, cassado em 1992, ao não apostar no diálogo para governar.
Na condição de independente em relação à base aliada, Cristovam não raro assume o papel de oposição ao governo no Senado. No entanto, ele diz não ser favorável ao impeachment de Dilma sem provas de que ela cometeu crime que justifique a medida extrema. “Eu vou ficar muito constrangido se descobrir-se que a Dilma tem crime e eu ter que votar pelo impeachment e ficar na História como um parlamentar que votou para derrubar uma presidente eleita. Se ela tiver envolvida, comprovadamente, em crime. Se ela não tiver, eu não votarei – mas, aí, vai ser muito ruim mais três anos de governo Dilma”, vislumbrou.
Brasil247