Agência Estado
Brasília, 15 – Após aprovar a convocação do diretor-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, a cúpula da CPI da Petrobras se reunirá até esta terça-feira, 16, para definir o agendamento das acareações e das oitivas dos convocados. O presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), sinalizou que pretende priorizar as acareações e que, neste momento, não marcará o depoimento de Okamotto.
A irritação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi transmitida a Motta, que alegou ter feito “o que era certo” e que a bronca do ex-presidente nos petistas é um problema interno do PT. “Não podíamos ficar sem dar resposta”, argumentou o deputado do PMDB em referência à informação de que a construtora Camargo Corrêa pagou R$ 3 milhões para o Instituto Lula e R$ 1,5 milhão para a LILS Palestras Eventos e Publicidade, empresa do ex-presidente da República.
Com a convocação de Okamotto aprovada e o recado (de que não estão dispostos a poupar Lula) devidamente dado, os membros da CPI acreditam que chamar Okamotto para depor imediatamente seria visto como algo excessivo. “Não vou fazer isso (agendar oitiva de Okamotto). Vai parecer retaliação”, justificou o peemedebista.
No entanto, o comando da comissão prevê que o acirramento da disputa entre PT e PMDB terá reflexos na CPI, com mais embates entre petistas e peemedebistas no grupo de trabalho. “A influência do desgaste entre PT e PMDB pode apimentar os debates na CPI, mas meu comportamento não vai influenciar em nada. Isso é briga política”, disse Motta.
Desde o início dos trabalhos o PT está isolado na comissão, enquanto PMDB faz dobradinha com a oposição para atingir o partido da presidente da República, Dilma Rousseff. Insatisfeitos com a tentativa do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, de minar o poder do vice-presidente da República e articulador político do Planalto, Michel Temer, os peemedebistas atropelaram os petistas e aprovaram na última semana uma nova rodada de requerimentos que comprometem o PT, mas que livram os investigados ligados ao PMDB.
“A CPI já tem uma pauta complicada para o PT. O clima já está pesado lá, então isso (disputa entre os partidos) coloca mais lenha na fogueira”, comentou Motta. “A disputa entre PT e PMDB repercute no Congresso de maneira mais ampla”, avaliou o vice-presidente da CPI, Antonio Imbassahy (PSDB-BA).
A única agenda de oitivas desta semana marcada até o momento será na terça com os depoimentos de ex-executivos da Sete Brasil. Serão ouvidos o ex-presidente do Conselho Administrativo, Newton Carneiro da Cunha, e o ex-presidente da empresa, João Carlos Ferraz.
Antes de definir os próximos passos da comissão, Motta terá de avaliar a logística das acareações, já que parte dos acareados estão presos ou em regime domiciliar. As acareações aprovadas envolvem os ex-diretores da Petrobras, Paulo Roberto Costa e Renato Duque, o ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o doleiro Alberto Youssef, e o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli.