O código de diagnóstico (CID) de pacientes que davam entrada no Prevent Senior com Covid-19 era alterado nas unidades de saúde. A informação foi confirmada pelo próprio diretor-executivo da operadora, Pedro Benedito Batista Júnior, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, nesta quarta-feira (23).
Ele foi convocado a depor para prestar esclarecimentos sobre o estudo com hidroxicloroquina feito pela operadora, com apoio do governo federal. Ao longo do depoimento, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), decidiu torná-lo investigado pela comissão.
O texto da recomendação, obtido e divulgado pela GloboNews, defendia a necessidade de “padronizar” o código para todos os pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19. “Após 14 dias do início dos sintomas (pacientes de enfermaria/apto) ou 21 dias (pacientes com passagem em UTI/Leito híbrido), o CID deve ser modificado para qualquer outro exceto o B34.2 (código da Covid-19) para que possamos identificar os pacientes que já não tem mais necessidade de isolamento. Início imediato”, indicava o texto publicado pelo G1.
À CPI, Benedito deu mais esclarecimentos sobre o procedimento recomendado pela rede. “Todos os pacientes com suspeita ou confirmados com Covid, na necessidade de isolamento, quando entravam no hospital, precisavam receber o B34.2, que é o CID de Covid”. (…) “E, após 14 dias – ou 21 dias para quem estava em UTI -, se esses pacientes já tinham passado dessa data, o CID já poderia ser modificado porque eles não representavam mais risco à população do hospital”, acrescentou.
Na comissão, a reação foi imediata. Senadores como Otto Alencar (PSD-BA), que é também médico, chamou de crime o que foi feito pela Prevent Senior. “O senhor, como médico, é inacreditável. Não tem condição de ser médico com a desonestidade com o que fez agora. Sinceramente, modificar o código de uma doença é um crime. Infelizmente, o Conselho Federal de Medicina não pune”, declarou o parlamentar baiano.
A CPI apura os indícios que recebeu de que a operadora subnotificou e ocultou mortes por Covid-19 registradas em suas unidades, sendo uma delas a do médico Anthony Wong e outra a da mãe do empresário Luciano Hang . Um documento obtido pela GloboNews aponta justamente isso, além de tornar pública a orientação da rede para que nem os pacientes nem seus familiares soubessem que eles eram tratados com hidroxicloroquina, azitromicina e outros medicamentos que integram o chamado “kit Covid”, sem qualquer eficácia comprovada contra a doença.
Fonte: IG
Créditos: IG