O senador Telmário Mota (PDT-RR), relator no Conselho de Ética do caso de Delcídio Amaral (PT-MS), defendeu nesta quarta-feira a admissibilidade do processo de cassação do colega. Delcídio foi preso em novembro do ano passado acusado de tentar obstruir as investigações da Lava-Jato. Ele firmou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), que ainda não foi homologado, e foi solto no mês passado.
O relator destacou que há indícios de crime nos diálogos de Delcídio com Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, então advogado do ex-diretor, e Diogo Ferreira, ex-assessor do senador.
– Conquanto seja necessário o exame mais aprofundado, o exame superficial dos diálogos apontam indícios de crime e consequente quebra de decoro parlamentar pelo representante, dessa forma impõe-se a admissibilidade – afirmou Telmário.
Questionado após a sessão sobre qual impacto terá a delação de Delcídio no processo, o relator afirmou que a delação o incrimina e criticou quem adere a este tipo de procedimento.
— O delator, pra mim, tem dois defeitos. Primeiro, é réu confesso, e depois é frouxo. Se tiver mesmo a delação isso vai incriminá-lo — disse Telmário.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) já apresentou um requerimento para que seja juntado ao processo a delação de Delcídio assim que ela for homologada pelo STF. Tal medida, porém, seria tomada apenas após a aprovação da admissibilidade.
O presidente do Conselho, João Alberto (PMDB-MA), chamou nova reunião para a próxima semana com o objetivo de votar o relatório. Não foi aberto nem sequer espaço para debates.
A segurança da Casa, seguindo ordem do presidente do Conselho, restringiu a entrada de alguns jornalistas na sala em que se realizou a reunião. Apesar de haverem ainda espaços vazios foi argumentado que a sala estava cheio. Os jornalistas de imprensa escrita só tiveram a entrada autorizada quando a reunião já se iniciava.
Fonte: O Globo