Edival Nunes Cajá, é natural de Bonito de Santa Fé, região de Cajazeiras, no Sertão do estado, e iniciou sua militância estudantil ena Terra do Padre Rolim, onde também ingressou no seminário Nossa Senhora da Assunção.
Em uma entrevista a TV Diário do Sertão ao apresentador José Dias Neto, Cajá contou toda a sua trajetória de vida, suas experiências e as torturas que sofreu durante a ditadura militar.
No dia 12 de maio de 1978, Cajá foi sequestrado por agentes da ditadura, sendo submetido à torturas durante 3 dias e mantido em cárcere privado por 12 meses. Quando passou por momentos difíceis.
Cajá foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional, acusado de organizar o Partido Comunista Revolucionário (PCR), um dos partidos políticos considerados pela ditadura como uma ameaça à soberania nacional. Apesar das torturas, utilizadas como meio de obter informações que levassem à prisão de outras lideranças, Cajá nada revelou aos seus algozes. A prisão de Cajá teve repercussão nacional e internacional, grande visibilidade na mídia e mobilizou muitos setores da sociedade que se engajaram na luta pela sua liberdade. Até o papa Paulo VI enviou um telegrama para o então presidente da época pedindo ‘que poupassem a vida de Cajá’.
Além do apoio da Igreja, até a cantora Elis Regina apoiou o líder estudantil Cajá: “Ela fez isso durante um show, e foi chamada a atenção e tentaram impedir o seu show, e ela disse: -Mas será possível que não se pode mais usar os advérbios de lugar e tempo Cá, Já.. será possível?” afirmou ele.
A sua prisão desencadeou manifestações em todo o país. Outras manifestações aconteceram durante todo o período em que Cajá permaneceu preso. Diante da pressão popular, Cajá foi solto, mas voltou a ser preso pouco tempo depois, sendo liberado definitivamente em 1 de junho de 1979.
Ele contou detalhes de como ocorriam as torturas da ditadura militar. e criticou o atual presidente Jair Bolsonaro: “Ele aparece para cumprir um papel sujo de retirar as conquistas sociais, submeter a nossa economia, o nosso mercado ao mercado Norte Americano de uma maneira que enoja, batendo continência para a bandeira dos Estados Unidos, colocando seu filho como embaixador do Brasil nos Estados Unidos para poder fazer negócios escusos“, afirmou o sociólogo.
Atualmente, depois de 41 anos da prisão, Cajá segue construindo o Partido Comunista Revolucionário, mesmo Partido pelo qual lutaram e morreram defendendo Manoel Lisboa, Manoel Aleixo, Amaro Felix Pereira, Emmanuel Bezerra e Amaro Luiz de Carvalho. A ditadura militar acabou mas não conseguiu destruir o PCR e nem a moral revolucionária de Cajá e de seus militantes.
Ao final da entrevista, Cajá foi presenteado por José Dias Neto com um exemplo de um livro que remonta a história de Cajazeiras em quadrinhos, o exemplo ‘A vida do Padre Rolim em quadrinhos’.
Cajá esteve visitando Cajazeiras neste final de semana, onde participou de compromissos familiares e também visitou amigos, entre eles, o padre Gervásio Queiroga, com quem trabalhou na CNBB.
Veja na galeria as imagens que ilustram a trajetória de Cajá!
Fonte: Diário do Sertão
Créditos: Campelo