Milhares de pessoas representando a comunidade boliviana de São Paulo manifestaram neste domingo (17), na Avenida Paulista, seu repúdio ao golpe de Estado sofrido pelo então presidente Evo Morales.
Evo renunciou no último dia 10 de novembro de seu cargo de presidente da república boliviana, sob pressão da oposição, Organização dos Estados Americanos (OEA) e em especial forças armadas do país.
Sob controversas acusações de fraude no processo eleitoral, Morales foi declarado vitorioso do processo pelo tribunal eleitoral, porém seus adversários não aceitaram o resultado. Com objetivo de pacificar o país, chegou a aceitar novas eleições, com o objetivo de conter a crescente onda de violência que já acumula dezenas de mortos e atos de vandalismo.
Essa semana, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a Alta-Comissária da Nações Unidas para Direitos Humanos, Michele Bachelet, condenou a violência policial e militar contra manifestantes e pediu esclarecimentos e medidas das autoridades para estabilizar a situação política no país e cessar a violência.
Por esse caminho, o presidente recém-eleito da Argentina, Alberto Fernandez, chegou a fazer um apelo à ONU ontem (16), para que intervenha na Bolívia sob o argumento do “direito de proteger”, quando um governo age violentamente contra seu próprio povo, citando o decreto da presidente de facto, Añéz, que isenta militares de responsabilidade penal diante de mortes ocorridas em manifestações contra o regime.
Logo após o golpe, autoridades eleitorais foram presas, parlamentares da linha sucessória abdicaram de seus postos e a Senadora Jeanine Añéz se autoproclamou presidenta do país, sem sequer instalar uma sessão parlamentária. O governo Bolsonaro foi o primeiro a reconhecer o governo de facto do país vizinho.
Na marcha promovida por bolivianos residentes na capital e região metropolitana de São Paulo, convocada pelo Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Boliviano Contra o Golpe, cerca de 5 mil pessoas, entonavam cantos e muitas palavras de ordem chamavam a atenção para os temas abordados acima. Denunciavam o golpe de estado, a violência sobre manifestantes, o racismo e desrespeito sobre a Whipala – bandeira multicolorida que representa a diversidade de povos indígenas andinos e amazônicos.
Na oportunidade, os manifestantes terminaram a marcha cantando o hino nacional boliviano, enquanto muitos solicitavam a atenção da imprensa brasileira e internacional sobre as ocorrências na Bolívia. O silêncio da imprensa internacional vem sendo criticado por várias pessoas, como o escritor Paulo Coelho que chamou a atenção em seu Twitter sobre a problemática.
Fonte: Revista Fórum
Créditos: Redação Revista Fórum