A possível libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após a decisão do Supremo Tribunal Federal de barrar a prisão de condenados em segunda instância, tende a reforçar a polarização pelo país e a reeditar o ambiente belicoso que marcou as eleições de 2018, dizem cientistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil.
Na avaliação dos pesquisadores, a decisão do Supremo e uma eventual saída do ex-presidente da prisão pode ainda beneficiar o governo de Jair Bolsonaro (PSL), ao tirar o foco de problemas da atual gestão.
Para o professor Bruno Wilhelm Speck, do departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), apesar de a mobilização em torno da libertação ou não do ex-presidente ter arrefecido nos últimos meses, manifestações estão “prontas” para voltar a acontecer.
“Creio que a mobilização dos dois lados, a mesma que foi forte nos últimos dois anos, vai se intensificar. Não será exatamente em torno da figura de Lula, mas as massas já estão mobilizadas, com um espectro bem definido. Esse ‘ritual’ está pronto para recomeçar”, afirma Speck.
“De um lado, as pessoas que protestaram nos primeiros meses do ano contra cortes na educação, por exemplo. Essa ponta será galvanizada caso haja a presença de Lula”, diz. “Do outro lado está a massa de ‘indignados’, os que protestam contra a corrupção, vestindo verde e amarelo. Esses serão estimulados pela base de Bolsonaro, que tratará uma libertação de Lula como exemplo de ‘impunidade’ e usará o sentimento de indignação para chamar protestos.”
Fonte: BBC
Créditos: BBC