O município de Monteiro, na região da Borborema, é há 20 anos administrado por mulheres na prefeitura. Ao longo desse período, três gestoras comandaram a cidade que possui pouco mais de 30 mil habitantes. Entre elas: Lourdinha Aragão (2005 a 2008), Edna Henrique (2008 a 2015) e Anna Lorena, atual prefeita, que está em seu segundo mandato.
Em outubro, os eleitores do município vão às urnas para escolher um novo chefe do executivo. A disputa, por sua vez, deverá ser composta por duas mulheres, que encabeçarão os principais nomes do pleito municipal. A atual prefeita Lorena deverá indicar como sucessora, a secretária de Saúde, Ana Paula e a oposição tratou de apresentar a ex-prefeita, Edna Henrique, que volta querendo mais quatro anos à frente da prefeitura.
Ana Paula terá o apoio de João Azevêdo, Gervásio Maia e outras lideranças do PSB no Estado. Edna Henrique conta com o incentivo seu filho, o deputado Michel Henrique, a ex-candidata à prefeita de Monteiro e médica, Micheila Henrique, além de diversas lideranças locais e vereadores.
O fato de mulheres comandarem Monteiro há tanto tempo, chama atenção porque o ingresso de mulheres em disputas eleitorais ainda é muito pequeno. Embora representem cerca de 51% da população brasileira, as mulheres venceram apenas 12% das disputas municipais majoritárias nas eleições de 2020. Tal desproporcionalidade é reflexo do baixo número de candidatas para o executivo municipal. Das 19.141 pessoas que se candidataram ao cargo de prefeito, só 2.496 (13%) eram mulheres.
Número de prefeitas na Paraíba
Dos 223 municípios paraibanos, somente 41 são administrados por mulheres, de acordo com levantamento feito pelo Blog do Gutemberg Cardoso. Isso significa que somente 18,4% das prefeituras são comandadas por gestoras na Paraíba.
A região com o maior número de prefeitas fica no Sertão, com 14 gestoras; seguida pelo Agreste com 12; Mata com 10; e Borborema com 5.
Mulheres na política é obrigatório
Em julho de 2021, o Senado aprovou um projeto para que houvesse uma obrigatoriedade mínima de cadeiras ocupadas por mulheres na Câmara dos Deputados, nas assembleias legislativas dos estados, na Câmara Legislativa do Distrito Federal e nas câmaras de vereadores.
Posteriormente, a Câmara aprovou uma emenda fazendo com que os partidos sejam obrigados a destinar, pelo menos, 30% dos recursos das campanhas eleitorais para as candidatas mulheres.
No último censo divulgado pelo Instituto Alziras, foram entrevistadas 42% das 673 prefeitas do país — o Brasil tem, no total, 5570 cidades.
Delas, 62% acredita que as mulheres não estão representadas de forma proporcional e justa na tomada de decisões dos seus partidos.
Além disso, para 47% delas, a falta de recursos para suas campanhas é, justamente, o maior obstáculo para que tenhamos mais mulheres na política e disputando cargos públicos. Na pesquisa, 90% delas concordaram que é muito importante a garantia dos 30% de recursos financeiros para campanhas femininas.