O presidente Jair Bolsonaro usou a reunião com governadores da Amazônia Legal que acontece nesta terça-feira, 27, no Palácio do Planalto, para criticar as demarcações de terras indígenas e disse que o encontro mostra ao mundo onde o País chegou com uma política ambiental que, no seu ponto de vista, não foi usada de forma racional. “A Amazônia foi usada politicamente no passado. […] Foi uma irresponsabilidade política do passado, usando índio como massa de manobra”, disse.
Bolsonaro afirmou também que a defesa da internacionalização da região feita pelo presidente da França, Emmanuel Macron, é uma “realidade na cabeça dele” e pediu união para garantir a soberania brasileira. Mais cedo, Bolsonaro disse que pode reconsiderar a ajuda emergencial do G-7, o grupo de países mais ricos do mundo, caso o presidente da França, Emmanuel Macron, retire “insultos” contra ele. Nesta segunda-feira, 26, o Palácio do Planalto informou oficialmente que vai recusar os US$ 20 milhões, o equivalente a R$ 83 milhões, anunciados por Macron em nome dos países que formam o G-7.
Antes da reunião começar, os governadores dos Estados que formam a Amazônia Legal defenderam aceitar recursos de outros países para combate aos incêndios florestais.
No encontro com governadores, o presidente estimulou o debate sobre a exploração mineral em terras indígenas. Os governadores do Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia e Tocantins concordaram com Bolsonaro no sentido de que é preciso haver formas de estimular a produção nessas terras. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), opositor do Planalto, está na reunião, mas ainda não se manifestou.
Aliado de Bolsonaro, o governador de Roraima, Antonio Denarium, afirmou que o Estado tem sido penalizado nos últimos 30 anos por políticas indigenistas e ambientais. Ele disse ainda que 95% da vegetação nativa de Roraima está preservada, mas pediu ajuda ao governo federal para conseguir fiscalizar e combater ações ilegais.
“É difícil fazer fiscalização sem saber quem é o verdadeiro dono da terra. Temos que fazer o ordenamento territorial do nosso estado e temos que aprender a separar os bons dos ruins. Hoje o Ibama chega e multa todo mundo sem direito de defesa”, disse Denarium. O governador pediu ainda que a União ajude na formação de brigadistas locais.
Bolsonaro questionou Denarium sobre os motivos que levaram às demarcações de terras indígenas em seu estado. O governador respondeu que isso é “fruto de uma política indigenista”. “Roraima não é porção de terra mais rica do Brasil, mas do mundo. E as terras indígenas e as ONGs estão concentradas justamente nessas áreas”, disse.
Na conversa com os gestores estaduais, o presidente tem perguntado quanto do território de cada estado está “inviabilizado” por terras protegidas e disse que muitas das reservas indígenas “têm aspecto estratégico que alguém programou”. Após cada fala, Bolsonaro ainda citou pedidos que de demarcação de terras nas regiões e disse que, se concretizados, podem inviabilizar o desenvolvimento do local.
“Índio não faz lobby e consegue ter 14% do território nacional demarcado”, disse Bolsonaro. Ele disse que existem hoje 498 novos pedidos de demarcação de terras indígenas no Ministério da Justiça. “Estamos mostrando para o mundo onde estamos chegando com essa política ambiental que não foi usada de forma racional”, disse.
Fonte: Estadão
Créditos: Estadão