O ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) pediu demissão do cargo de ministro do Turismo nesta quinta-feira (16). A informação foi confirmada pela SIP (Secretaria de Imprensa da Presidência da República). A SIP não informou ainda os motivos que levaram ao pedido de demissão de Henrique Alves.
Henrique Eduardo Alves é o terceiro ministro nomeado pelo presidente interino, Michel Temer (PMDB), a deixar o governo. Na última quarta-feira (15), Alves viu seu nome envolvido na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Segundo Machado, Alves teria recebido R$ 1,55 milhão em doações eleitorais oriundo de propina do esquema investigado pela Operação Lava Jato.
Questionada sobre as alegações de Machado, a assessoria de Henrique Alves disse que ele “repudia a irresponsabilidade e leviandade das declarações do senhor Sérgio Machado”. Sua assessoria disse ainda que “todas as doações” para suas campanhas “foram oficiais, as prestações de contas foram aprovadas e estão disponíveis no TSE” e que Alves está à disposição da Justiça e “confiante que as ilações envolvendo o seu nome serão prontamente esclarecidas”.
Alves é alvo de dois pedidos de abertura de inquérito feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF, que ainda não se pronunciou. Em um deles, a PGR pede que ele seja investigado por suspeitas de envolvimento no chamado “quadrilhão” investigado pela operação. Em outro, o foco é a relação de Henrique Alves com o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro.
O ex-ministro é suspeito de fazer parte do grupo de políticos do PMDB que deu suporte para que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa continuasse no cargo em troca de propinas destinadas ao PMDB. O ministro também é suspeito de ter recebido propina do petrolão para a sua campanha ao governo do Rio Grande do Norte, em 2014.
O primeiro ministro nomeado por Temer a deixar o governo foi o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que ocupava o Ministério do Planejamento. O segundo foi o ex-ministro da Transparência, Fiscalização e Controle Fabiano Silveira. Os dois foram flagrados em conversas gravadas por Sérgio Machado e que integram sua delação premiada. Nos diálogos gravados pelo delator, Jucá diz que era preciso fazer um “pacto” para “estancar a sangria” causada pela Operação Lava Jato. Em outra conversa gravada, Fabiano Silveira aparecia dando conselhos ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) sobre como se defender das investigações feitas pela Lava Jato.
A informação sobre o pedido de demissão de Henrique Eduardo Alves começou a circular no Palácio do Planalto no momento em que o presidente Michel Temer participava de uma cerimônia para a assinatura de contratos do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). Havia a expectativa de que Temer pudesse falar sobre o tema, mas ele deixou a cerimônia após um discurso rápido sem tocar no assunto. Questionado sobre a demissão do colega, o ministro da Educação, Mendonça Filho, evitou fazer comentários. “Eu gostaria de falar só de educação”, disse.
Minutos após a divulgação da notícia da demissão, o assunto repercutiu e provocou gargalhadas na comissão que julga o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, no Senado. Ao saber da saída do ministro, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) pediu a palavra para fazer o comunicado. “Nesse governo os ministros se demitem, não ficam se escondendo embaixo da saia de ninguém”, rebateu o senador Waldemir Moka (PMDB-MS), que compõe a base de Temer.
A petista respondeu que os ministros “não têm alternativa”. Neste momento, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) tomou o microfone e levou parte do plenário às gargalhadas. “Vamos parar de falar em corda em casa de enforcado”, repetiu duas vezes o parlamentar, em referência ao envolvimento de integrantes do governo Dilma em casos de corrupção. Nem mesmo o advogado da presidente afastada, José Eduardo Cardozo, conseguiu conter o riso. (*Com informações de Gustavo Maia)
Fonte: uol