Em mais um serviço de utilidade pública deste cronista de costumes que vos bafeja a nuca, alerto, mulheres de todas as cores e credos, para os perigos de um tipinho de homem da pior categoria que circula livremente por aí, epa: o macho PMDB. Alto teor de periculosidade. Supera qualquer homem-bouquet e até o homem de Ossanha, dois dos tipos mais vexaminosos da minha catalogação masculina —vide bula ao final deste texto.
O macho PMDB é o tipo de cafa que repete no amor e na vida o mesmo comportamento dos Cunhas e Renans do Parlamento. Sabe aquele canalha que faz você pensar “pior sem ele”? O tal vive disso. E assim toca o terror ad infinitum. Vive desse medo que alimenta a cada segundo. O medo no Brasil, aliás, meu amigo Mauro Zafalon, é uma das melhores apostas no vaivém das commodities. O medo no Brasil vale muita grana.
O que seria da audiência dos programas policiais sem isso? Amedrontar no Brasil é negócio graúdo, o medo vendido à custa dos velhos preconceitos, haja cacau para as firmas de segurança. Corta pra mim, sujeito probo e moralista, amedrontar é vender uma pá de coisas, bem sabemos. Medo no Brasil é indústria, medobrás etc. Conheço muita gente que vive de susto… Espanto é dinheiro.
O macho PMDB não é homem que é homem, não passa de um aproveitador, não sabe que homem que é homem não sabe, nem sequer procura saber, o que é estria ou celulite
O homem PMDB, pois, aquele por quem você faz todo sacrifício e o tal lhe deixa na mão, sempre. Por mais que você se sacrifique, no acerto, ele diz: “Não foi isso que combinamos”. Os fofoqueiros de plantão, em Brasília ou na vizinhança aí em Juazeiro do Norte, sempre dão razão ao homem peemedebista, veja os nossos jornais. Mais uma vitória do macho PMDB, gritam as manchetes, orgulhosas.
Assim no relacionamento amoroso como no Governo. O homem dessa estirpe tem muito crédito, não se sabe como nem o porquê, muito menos o merecimento. Eis um mistério do planeta, como diriam os meus brothers dos Novos Baianos.
Não adianta. No dia-a-dia do lar, pior ainda. Você ali, toda gostosa comendo a sua granola matinal e ele, corvo dos infernos, mirando você de cima a baixo, no puro intuito de rebaixá-la.
Você diz, pela enésima vez: como posso me humilhar diante de um cara desse tipo. E repete o jogo perverso. O peemedebista, digo, o peemedebesta, o peemedebosta, humilha diante de qualquer miragem de estria ou celulite. O macho PMDB não é homem que é homem, não passa de um aproveitador, não sabe que homem que é homem não sabe, nem sequer procura saber, o que é estria ou celulite.
O homem PMDB é pior que a saúva na arte de acabar com o Brasil, como previu Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), grande naturalista francês. O macho peemedebesta está mais para a a adaptação da metáfora formigueira feita pelo escritor Mário de Andrade no livro Macunaíma: “Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são”.
MacunaEmo
O homem PMDB está mais, justiça seja feita, para um MacunaEmo, mistura da preguiça da lenda Macunaíma com o chororô de um jovem roqueiro Emo. Nessa historinha, ele leva tudo que quer, sempre. Cargos de todos os escalões e todos os “por foras” possíveis.
O homem PMDB, amiga, é como me contava agorinha aqui no Rio a Jô Hallack, grande cronista, é aquele que só te ferra. Mesmo assim você pensa: sem ele eu tô frita. E não está. Ele já lhe trairia de qualquer jeito. Mesmo quando você é Governo, digo, Dilma, e já o contemplou de véspera. O macho peemedebesta é um traidor de nascença, sempre te passará a perna.
Boa, Jô, ele já trairia de qualquer forma. Este tipinho de homem, baby, é aquele que te explora e nada deixa em troca. Nem te defende na hora que precisas. Não te defende nem diante de um trombadinha da avenida Nossa Senhora de Copacabana. É pura chantagem. Serve para quê um homem desses? Nem para te levar, no passeio do amor, do lado de dentro da calçada, como manda a etiqueta amorosa.
Você o valoriza como um lorde, um milorde de Game of Thrones, e o besta, o peemedebista, nem ai para a hora do Brasil. Só pensa em lobby e cargos e mais cargos. Na real, esse cara está noutra.
O macho PMDB é o pior dos moralistas. Cagado e cuspido um Eduardo Cunha. Condena qualquer desvio da tradição, da família e da propriedade, embora viva na putaria de Brasília como qualquer outro. Condena qualquer desvio de conduta, embora, como o presidente da Câmara, viva, desde o PC Farias, como o mais faminto mamífero dos esquemas –cansei de vê-lo mendigando grana de PC em muitas salas de espera do Rio e São Paulo, ele sabe que estou falando daquele flat na Vila Olímpia. Aquele narigão não me engana. PC o achava um mala, me dizia, mas o cara era caixa de bufunfa na Telerj, a companhia telefônica carioca, como desprezá-lo?
Medo no Brasil é indústria, medobrás etc. Conheço muita gente que vive de susto… Espanto é dinheiro
Saí do prumo, desculpa. O que vale aqui é o macho PMDB como simbologia de um dos piores tipos de homem da existência. O que recebe e não dá quase nada em troca. O que faz questão de não cumprir os tratos, sempre jogando na confusão que a mídia, cúmplice na narrativa canalha, adora.
O homem PMDB é pior que a saúva ou qualquer praga. Não há cafajeste que se compare. O cafa, mesmo minimamente, cumpre, comparece. O homem PMDB, esquece. Este só cobra caro e nada dá de volta. Quase um assalto. Um assalto sentimental ou político. Que sirva pelo menos para levar quem aceita este jogo para a terapia. Imediatamente. Pense nisso, Denise, a garçonete que me fala de amor no quiosque do posto 5 de Copacabana, pense também, igualmente, respeitável presidenta Dilma.
Agora explicando, como prometi, o homem-bouquet: Aquele macho que entende de vinhos finos, abre a garrafa cheio de dramas e nove-horas, cheira a rolha, balança a taça, sente o amadeirado. Gostar de vinho bom, velho Baco, não é um delito. Pecado mesmo é arrotar esse conhecimento ridículo por horas nas oiças da moça.
Ah, o Homem-Ossanha, só rindo. Trata-se daquele cara que repete o comportamento da música “Canto de Ossanha”, quanta obviedade, samba de Vinícius de Moraes e Baden Powell: “O homem que diz vou/ Não vai!”Aquele que tira a maior onda no mundo virtual e, na hora agá, quase nada. Coitado.
El País