Agora delator, ex-diretor da Petrobras presta depoimento à PGR
O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró começa nesta segunda-feira, em Curitiba, a prestar os primeiros depoimentos da delação premiada à Procuradoria-Geral da República (PGR), que espera conseguir novos detalhes dos esquemas de corrupção na Petrobras e na BR Distribuidora. A Procuradoria também quer avançar no episódio envolvendo o senador Delcídio Amaral (PT-MS), preso no último dia 25, depois de ser flagrado tentando comprar o silêncio de Cerveró.
Na última sexta-feira, os advogados do ex-diretor foram à carceragem da Polícia Federal repassar os últimos pontos da delação antes do primeiro depoimento. Além da participação do senador petista na tentativa de atrapalhar as investigações, o ex-diretor prometeu dar detalhes do pagamento de propina a políticos e a dirigentes da Petrobras durante a compra da Refinaria de Pasadena, no Texas, nos Estados Unidos.
Cerveró deve entregar ainda dados de uma investigação feita na Suíça, em 2010, sobre compras de turbinas para termoelétricas envolvendo a multinacional Alstom. Os documentos confirmariam o pagamento de propina na negociação, em 2002, no final do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a funcionários da Petrobras.
Na época, Cerveró era gerente de Gás e Energia, e o senador Delcídio Amaral, então no PSDB, era diretor de Gás e Energia na Petrobras. O esquema já havia sido citado em delação do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, na Lava-Jato, mas foi arquivado pela PGR por falta de provas. Delcídio teria recebido US$ 10 milhões de propina.
As negociações entre o ex-diretor e os investigadores da Lava-Jato ficaram paradas até o início de novembro, quando o filho de Cerveró, Bernardo Cerveró, entregou gravações que mostram Delcídio Amaral e o advogado Edson Ribeiro negociando o silêncio do ex-diretor. Numa das quatro gravações entregues, os dois oferecem uma ajuda de custo de R$ 50 mil por mês para a família de Cerveró, caso o ex-diretor ficasse em silêncio.
Fonte: O Globo