Foi somente no mês de março deste ano que a empresa Fiji Solutions, que atua no marcado de criptomoedas, entrou no radar do Ministério Público da Paraíba (MPPB) e tornou-se alvo de ações judiciais de consumidores e clientes do estado. Eles sentem lesados com o fim de repasses referentes ao aluguel de criptoativos. Mas, buscas na internet revelam que ações judiciais, envolvendo o fundador da empresa, Bueno Aires, são mais antigas.
Na tarde desta quarta-feira (25), a reportagem do Polêmica Paraíba teve acesso a uma ação movida por um comerciante do Paraná contra o dono da Fiji, em que pede a devolução de quase R$ 1 milhão transferidos para contas ligadas a Bueno. O objetivo era a obtenção de lucros através de transações de trade – compra e venda de criptomoedas, mas o que ele obteve, segundo a ação, foram prejuízos.
De acordo coma a ação movida pelo comerciante Fladlo Torres Zaim, o investimento foi feito a partir de “pequenos aportes em dinheiro, a fim de testar a suposta tecnologia”. Parte dos recursos é resultado de economias construídas ao longo do tempo, e outra parte oriunda de empréstimos feitos em nome da mãe de Zaim, que confiou na tecnologia apresentada por Bueno.
No polo passivo da ação constam, além de Bueno, as empresas Softbank Desenvolvimento de Softwares e E Soft Holding Participações LTDA, em tese, que operam a tecnologia responsável pelas transações de compra e venda de criptomoeadas, e Leonardo Augusto Belmonte Zaim, que seria sócio de Bueno na época.
“Com o passar o tempo, por volta da metade de agosto de 2019, os sócios da empresa, os Requeridos Leonardo e Bueno Aires, vieram até a cidade de Maringá, com o objetivo de apresentar a plataforma/robô/tecnologia, que operava dentro do mercado financeiro de criptomoeda, ocasião em que o Autor, durante a apresentação enfatizou que não existiria riscos de perda do capital”, diz o autor da ação.
Prejuízos
De acordo com a ação, em um primeiro momento foram investidos R$ 286 mil, e depois mais R$ 638.017,00, em contas ligadas a Bueno Aires, e de seu sócio na época, resultado em quase R$ 1 milhão em investimentos. “Veja excelência a soma do valor investido pelo autor perfaz o montante de R$ 924.017,00 (novecentos e vinte e quatro mil e dezessete), sendo este o valor do golpe praticado contra o autor, que amarga até o momento tais prejuízos”, diz trecho da ação.
O autor da ação alega ter sido informado, em meados de 2020, que os valores investidos haviam sido bloqueados por uma corretora de investimentos, sem que o fato nunca tenha sido comprovado por Bueno. “No decorrer do tempo, diversos problemas foram surgindo, inclusive mesmo após o autor ter convencido vários amigos a participarem da oferta proposta pelos requeridos, tais como o atraso da rentabilidade diária prometida pelos Requeridos. Depois, ocorreu o fato da retirada do capital demorar mais do que o esperado, e ainda, de a rentabilidade deixar de ser diária e passar a ser demonstrada semanalmente”, disse.
Pedidos à Justiça
Na ação, Fladlo Torres Zaim pede a condenação de Bueno e dos demais envolvidos à devolução dos valores desembolsados, no montante de R$ 924.017,00 (novecentos e vinte e quatro mil e dezessete reais), acrescidos de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, a contar da citação, e correção monetária do valor.
O comerciante também pede a inclusão de restrição de alienação de veículos de propriedade dos réus e a indisponibilidade de bens dos envolvidos. A ação é assinada pelo advogado Maurício de Carvalho Silva. A reportagem não conseguiu ter acesso ao andamento do processo.
CASO FIJI
Ainda no mês de março, a Fiji recebeu uma recomendação do MPPB para fazer os pagamentos aos clientes em até 72 horas, prazo que se esgotou no dia 20. As reclamações tiveram início no dia 10 do mês passado. Depois, a Fiji informou ao MP que iniciaria os pagamentos aos clientes o dia 23 do mesmo mês, previsão que também não se concretizou.
O MP solicitou o bloqueio do patrimônio da empresa e bens pessoais dos três sócios, incluindo imóveis, automóveis, aplicações e valores localizados em instituições financeiras. O órgão também sugeriu multa diária de R$ 100 mil e condenação no valor de R$ 5 milhões.
Já no início de abril, a pedido da Polícia Federal, o juiz da 4ª Vara Federal de Campina Grande, Vinicius Costa Vidor, determinou a apreensão dos passaportes dos donos da empresa, levando em conta indícios de pirâmide financeira.
O magistrado determinou, também, o recolhimento dos passaportes, em um prazo de 24 horas, dos sócios da empresa. Há processos tramitando tanto na esfera cível quanto criminal.
O OUTRO LADO
Em nota, a defesa de Bueno Aires, destacou que “não houve a formalização de qualquer citação ou intimação relacionada à suposta demanda judicial”. Os advogados do empresário ressaltam que será apresentada, “a cabivel defesa nos autos do processo”, onde a verdade será apresentada.
Abaixo, confira a nota na íntegra:
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba