Para tentar reverter a rejeição à reforma da Previdência, o governo vai distribuir a entidades críticas à proposta cartilha elaborada para deputados para “traduzir” as alterações feitas no texto original.
Pesquisa Datafolha divulgada na segunda-feira (1º) indica que 71% dos brasileiros são contra a reforma.
As cartilhas agora serão encaminhadas a entidades formadoras de opinião como OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), que já se posicionaram contra a reforma.A publicação traz trechos do texto original enviado ao Congresso pelo governo no final do ano passado e indica as flexibilizações feitas pelo relator da proposta, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA).
Já foram impressos mil exemplares e outros dois mil serão encomendados nesta terça.
As impressões serão pagas por partidos da base aliada, segundo o deputado Beto Mansur (PRB-SP), que não soube informar os custos da produção.Auxiliares de Temer identificaram que ainda há grande desconhecimento da reforma por parte da população, por isso a ideia é intensificar os esclarecimentos.
A rejeição popular tem impacto direto na base aliada do governo, que vem sendo pressionada.
Com isso, o governo sabe que não tem ainda os 308 votos necessários para aprovar a reforma em plenário e decidiu adiar a votação da proposta na comissão especial que discute o assunto.
Segundo a reportagem apurou, o colegiado só deve apreciar o texto na semana que vem ou até mesmo na seguinte. Inicialmente, a votação aconteceria nesta semana.Para evitar o desgaste de aprovar o texto no colegiado e ter que esperar indefinidamente até ter segurança para aprovar o texto definitivamente, Temer decidiu aguardar mais um pouco.
O receio é que um período extenso possa estimular a base aliada a reivindicar novas flexibilizações no relatório, impondo novas derrotas à equipe econômica.
A ideia é estender a discussão do texto, etapa que seria vencida nesta terça. Como ainda há 16 oradores inscritos, além dos líderes partidários, o presidente da comissão especial, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), não precisa levar a sessão até a madrugada, podendo esgotar a lista de quem deseja se manifestar ao longo da semana.
Na tentativa de evitar pressões por novas mudanças, os maiores partidos da base, PMDB (64 deputados) e o PSDB (46 deputados), fecharão questão em apoio ao relatório na segunda quinzena do mês, movimento que tem o apoio do presidente.Nesta terça, serão publicadas no “Diário Oficial da União” as primeiras exonerações de indicados políticos de parlamentares da base que votaram contra a reforma trabalhista, na semana passada.
A ideia é que os cargos sejam entregues sobretudo a parlamentares do “baixo clero” que não tinham sido contemplados pelo presidente e que podem avolumar o placar da reforma previdenciária.
O próprio presidente pretende se reunir pessoalmente com bancadas menores, como PSC e PRB, para conseguir mais votos favoráveis.
Fonte: Folhapress